Representantes de coletivos, associações de moradores, ONGs, movimento negro, estudantes e conselheiros tutelares relataram as carências e as ideias para mudar o cenário da Restinga, no extremo sul de Porto Alegre, à candidata Luciana Genro e aos candidatos a vereador Roberto Robaina e Marcelo Rocha, da coligação “É a vez da mudança”. O descaso com a região foi citado em todas as áreas, desde falta de vagas na educação infantil, passando pela insegurança, falta de atendimento médico, condições precárias de moradia em ocupações, carência de programas preventivos ao abuso de drogas e deficiências no transporte público.
Parte da explicação para os problemas foi trazida por um dos moradores já na abertura do encontro. “O Centro Administrativo Regional não tem autonomia”, para na sequência citar a interferência na definição dos financiamentos culturais, a centralização dos recursos para o setor na área nobre da cidade e a situação de sucateamento do espaço Multimeios, que foi criado para ser um polo de produção audiovisual na Restinga.
O morador Glauber Fonseca lembrou que a violência não pode ser atacada apenas na repressão, mas também na prevenção. “Temos um extermínio da juventude negra e pobre no Brasil. Só se fala em mais policiamento, efetivo e tecnologia, mas se começa na base, na educação. Precisamos de projetos educativos e culturais que tornem essas crianças protagonistas para minimizar e começar a erradicar a violência. Precisamos investir na educação integral e isso surte um efeito muito grande. Esses projetos são fundamentais”, afirmou.
A candidata Luciana Genro respondeu pontualmente a todas as falas. Ela valorizou a articulação da comunidade e lamentou que Restinga concentre todos problemas da cidade. Sobre o aparelhamento do CAR, ela citou o fim do loteamento partidário e o corte de 70% dos CCs, lembrando que a partilha política é o que origina a corrupção e a má prestação do serviço público, como nos recentes casos de desvios no DEP e na FASC. Luciana citou que no governo do PSOL haverá subprefeituras com autonomia e prazo para resolver os problemas, com supervisão direta dela.
Luciana concordou ainda que o combate à violência passa diretamente pela promoção da cultura e para isso garantiu que o orçamento mínimo de 1,5% para secretaria será efetivado. “Faremos editais individuais por bairro para atender demandas específicas de cada região, pois sabemos que há diferenças nas necessidades do que é feito na Cidade Baixa e a na Restinga”. Quanto à moradia, Luciana considerou que a prefeitura precisa retomar a política habitacional e combater a segregação, citando a criação de mutirões, a desapropriação e regularização fundiária e ainda a destinação de imóveis ociosos para moradia popular.
Ainda para segurança pública, Luciana defendeu a ampliação das atribuições da Guarda Municipal, acompanhada do reforço no efetivo. “Queremos que ela atue de forma territorializada, conectada com a comunidade e a Brigada Militar para formar uma rede de segurança que vai atuar nos bairros e criar identificação com a comunidade”. Com relação à saúde, a candidata assegurou que a qualificação passa por três dimensões: a contratação de mais médicos, o reforço da Estratégia de Saúde da Família e a implantação de tecnologias como o telessaúde e o teleatendimento, que consistem na prestação de informações entre médicos de família, especialistas e pacientes para agilizar diagnósticos e orientar população sobre cuidados básicos.
Após quase três horas de encontro, a comunidade se comprometeu a elaborar uma carta com reivindicações específicas sobre diversos temas que não foram tratados na reunião. Ao final, o presidente municipal do PSOL e candidato a vereador, Roberto Robaina, convocou a população a ajudar na eleição de Luciana. “Precisamos o apoio de cada um para fazer a mudança. Todos os outros que estão aí são mais do mesmo e já vimos que não deu certo”.