Aloizio Mercadante, Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Dilma Rousseff, Michel Temer
Aloizio Mercadante, Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Dilma Rousseff, Michel Temer

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Por #LucianaGenro

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Enquanto anuncia pacote com medidas superficiais contra a corrupção, Dilma negocia mais espaço para o PMDB no governo | Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Dilma anunciou hoje um novo pacote de medidas contra a corrupção. É preciso recordar que Lula fez a mesma coisa após a descoberta do Mensalão, em 2005, e alguns dos projetos daquela época ainda não foram aprovados.

É muita hipocrisia apresentar um pacote anti-corrupção enquanto os envolvidos na Operação Lava-Jato ainda estão exercendo seus cargos. O governo deveria, através de sua base no Congresso – ou do que resta dela –, pressionar pelo afastamento e pela cassação imediata dos mandatos dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB), além de todos os demais parlamentares listados no esquema de corrupção na Petrobras. Mas Dilma não pode fazer isso por que muitos envolvidos são seus aliados, inclusive o tesoureiro do seu partido.

As medidas que Dilma propõe não são suficientes e não tocam em temas fundamentais. Por exemplo, é fundamental acabar com o sigilo fiscal e bancário de todos os políticos, além de promover uma intervenção em todas as empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato. Isso atingiria as duas pontas da corrupção: os corruptos e os corruptores.

Outra medida fundamental para se combater de verdade a corrupção é o fim do financiamento privado de campanhas eleitorais e de partidos políticos. Isso o governo Dilma resolveu não incluir em seu pacote. O principal aliado do governo, o PMDB, já disse, em sua proposta de reforma política, que deseja manter o financiamento privado de campanhas. E o deputado federal Cândido Vaccarezza, do PT, já coordenou um grupo de trabalho sobre reforma política e fez uma proposta vergonhosa, que inclusive piorava o nosso sistema político e mantinha o financiamento privado das campanhas.

Na verdade todo o sistema político está podre, portanto só com uma transformação profunda se poderia de fato atacar as bases da corrupção. Nem o PT e muito menos a oposição de direita está disposta a isto, pois estão integrados no sistema e se beneficiam dele.

O PT está há 12 anos no poder e só se deu ao trabalho de propor medidas anti-corrupção após momentos de crise, como o Mensalão e a Lava-Jato. Se não implementaram até agora sequer as propostas superficiais que Lula fez em 2005, por que acreditaríamos que agora irão fazer alguma coisa?

Enquanto anunciam, com pompa e circunstância, este pacote anti-corrupção, negociam nos bastidores a ampliação do espaço do PMDB nos ministérios. O mesmo PMDB cujos principais líderes estão envolvidos na Lava-Jato. Dilma faz isso porque sabe que precisa do apoio do PMDB – obtido a qualquer custo – para seguir aplicando o ajuste fiscal contra os trabalhadores.

Nós do PSOL reafirmamos: nem o governo, nem a direita! A saída da crise é pela esquerda!