10917149_577324279070912_8916087338337887968_o
10917149_577324279070912_8916087338337887968_o

| Direto da Grécia | Internacional

Thiago Aguiar*

Acabo de chegar das atividades de um dia, para mim, histórico. O comício de Omonia foi um acontecimento impressionante, que guardarei em minha memória para sempre. Às 19 horas, pontualmente, ao som de “Bella Ciao”, milhares e milhares de pessoas começaram a ocupar a Praça Omonia, tomando-a completamente. Ao centro da praça convergem várias ruas radiais, todas completamente lotadas. Os relatos falam em ao menos sete quadras tomadas a partir do ponto de onde falou Alexis Tsipras. Os números são maiúsculos: ainda que não haja um contagem oficial, dirigentes do Syriza falavam em cerca de 70 mil pessoas no comício de encerramento da campanha da esquerda radical em Atenas.

Tive o privilégio de estar, ao lado do companheiro Juliano Medeiros, na área das delegações internacionais, exatamente à frente do palco. Conosco, dezenas de companheiros de todo o mundo. Estive com os membros do Partido da Esquerda Europeia (GUE), com Marisa Matias, eurodeputada portuguesa do Bloco de Esquerda, com camaradas do Die Linke, da Front de Gauche, de Podemos e da Izquierda Unida, entre tantos outros.

Quinze minutos antes das 20 horas, subiu ao palco Alexis Tsipras. Num discurso sólido, começou tratando da responsabilidade de Syriza com o povo grego, com o fim da austeridade, a recuperação dos salários, o acesso aos serviços públicos como de energia e calefação, o fim da crise humanitária… Falando aos jovens, disse que a vitória de Syriza, para muitos na imprensa e na classe dominante europeia, seria “uma ameaça ao futuro”. “Uma ameaça ao futuro sim, ao futuro de gente como Samarás (atual primeiro-ministro conservador) e seus amigos!”. Na parte final de seu discurso, Tsipras falou detidamente sobre a questão da dívida e das medidas de enfrentamento à Troika previstas no Programa de Tessalônica e de sua proposta de uma conferência sobre a dívida europeia, semelhante à conferência da dívida alemã no pós-guerra, na qual países europeus cancelaram parte significativa dos débitos germânicos. Tsipras disse que, na conferência, a Alemanha terá a oportunidade de cancelar a mesma dívida que a Grécia cancelou em 1953 (o país helênico era um dos credores alemães naquele momento), arrancando palmas entusiasmadas.

Ao final, quando todos imaginavam que o comício terminaria, veio a apoteose: Tsipras chamou ao palco Pablo Iglesias ao palco, ambos se abraçaram e Iglesias falou algumas frases em grego, levando a multidão ao delírio. Em inglês, finalizando seu discurso que tocou profundamente o tema da crise da dívida, Iglesias disse: “Primeiro, vamos tomar Atenas! Depois, tomaremos Berlim!”

Como se não fosse suficiente, estivemos logo após o comício num encontro das delegações internacionais, no qual tivemos a oportunidade de falar com Pablo Iglesias e Alexis Tsipras! Ao primeiro, relatamos algumas de nossas lutas e tratamos da situação brasileira, além de convidar-lhe a vir ao Brasil conhecer nosso partido e de nosso desejo de ampliar nossas relações com Podemos. Ao segundo, depois de felicitar-lhe pelo dia vitorioso com um abraço, desejamos sorte para o domingo e a expectativa de que sejamos todos vitoriosos no 25/01.

São quase 4 da manhã e não conseguia dormir. Precisava escrever: a esperança está chegando!

 

*Thiago Aguiar é sociólogo, militante do PSOL e do Juntos, representa a Fundação Lauro Campos nas eleições da Grécia do próximo domingo

 

Juliano Medeiros, Alexis Tsipras e Thiago Aguiar

Juliano Medeiros, Alexis Tsipras e Thiago Aguiar

Comitiva do PSOL com Pablo Iglesias, eurodeputado do Podemos da Espanha.

Comitiva do PSOL com Pablo Iglesias, eurodeputado do Podemos da Espanha.