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Por Redação #Equipe50

Crédito: Divulgação PSOL

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Em entrevista concedida ao jornal “O Estado de São Paulo” na tarde desta sexta-feira (22), a candidata do PSOL à Presidência da República, Luciana Genro, enfatizou suas propostas de governo para economia, educação, segurança pública e políticas para mulher. A candidata deixou claro que seu foco são os interesses populares e que é possível governar sem fazer balcão de negócios. “O modelo econômico que vem sendo implantado desde o governo Fernando Henrique Cardoso favorece somente o capital financeiro. Eu quero defender os interesses do povo, não quero defender os interesses do capital. Para isso tem o PT, o PSDB e a Marina”, diz a candidata.

Ainda no campo da economia, Luciana criticou os gastos com a dívida pública. “O que o Brasil gasta com a seguridade social, que atende 140 milhões de pessoas, é a mesma coisa que gasta com a dívida. Nós defendemos uma auditoria para investigar irregularidades já apontadas “, afirma Luciana. Além disso, a candidata voltou a defender a taxação de grandes fortunas para poder investir mais em áreas como saúde e educação. “Nós defendemos que o imposto sobre as grandes fortunas parta de um patamar de R$ 50 milhões, com uma alíquota de 5% ao ano. Hoje, o milionário paga sobre o leite o mesmo tributo que paga quem ganha um salário mínimo”, conclui a candidata do PSOL.

Crédito: Divulgação PSOL

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Questionada sobre o impacto que Marina Silva pode ter em sua candidatura, Luciana foi taxativa. “Eu vejo que a Marina é muito mais uma segunda via do PSDB do que uma terceira via de política. A essência da Marina não tem a ver com o que se reivindicou em junho de 2013. O programa dela é muito ortodoxo e não prevê grandes mudanças. “Marina não é o que parece ser. Ela tem uma história de vida muito bonita e respeitável. Mas o Lula também tinha e deu no que deu”, afirma Luciana.

Veja a opinião de Luciana Genro sobre outros assuntos:

Bolsa Família

“O Bolsa Família é bom, mas precisa ser visto como uma situação transitória. Não queremos perpetuar a pobreza, é preciso mudar as bases econômicas”, diz. Além disso, Luciana critica o fato de hoje se investir apenas 0,5% do PIB no programa e que o valor de R$ 70 não é atualizado desde a época do Lula. “Acabando com o Bolsa Banqueiro sobraria mais para o Bolsa Família”, afirma.

Reforma Agrária

“Hoje nós temos um modelo agrícola voltado para commodities e para exportação. É necessário a reforma agrária nessas terras que não correspondem a sua função social, como os grandes latifúndios. Mas ninguém vai sair expropriando da noite para o dia, a ideia é abrir um diálogo com a população brasileira”, afirma Luciana. Segundo ela, o Ministério do Desenvolvimento Agrário deveria estar nas mãos do MST.

Aborto

“É uma hipocrisia a ilegalidade do aborto. Quem tem dinheiro faz aborto com segurança, quem não tem corre o risco de morrer. As pessoas não sabem, por exemplo, que os abortos clandestinos configuram como o quarto motivo de morte materna. No Uruguai, depois de legalizado, não só extinguiram as mortes por essa razão, como diminuíram o número de abortos”, afirma Luciana, que continua: “Eu fui mãe com 17 anos, tive o apoio da minha família, mas a maioria das mulheres não tem e recorre ao aborto por desespero.”

Liberdade religiosa

“Respeitar todas as religiões significa não deixar que nenhuma delas interfira nas políticas públicas. O governo não pode estar subordinado a uma concepção religiosa”, afirma a candidata do PSOL.

Descriminalização da maconha

“A guerra às drogas fracassou no mundo inteiro. Acabar com o paradigma da guerra às drogas é fundamental para acabar com a criminalização da pobreza e tirar os usuários das mãos dos traficantes. A melhor forma de evitar que os jovens usem a maconha é justamente tirá-la do rol de drogas ilícitas. É o traficante que oferece o crack ao usuário de maconha, por exemplo. Eu acredito que se houver o debate, a população entenderia melhor a situação”, diz Luciana. Entretanto, ela afirma que aceitaria se a população optasse, por meio de um plebiscito, por não descriminalizar a maconha. “Se fizermos esse debate amplo com a sociedade, a gente convence, mas eu não passaria por cima da opinião do povo em nenhuma hipótese.”

Homofobia

“A luta contra a homofobia é inegociável. Inclusive, Dilma cumpriu um papel muito nefasto ao terminar com o programa Escola Sem Homofobia por pressão da bancada evangélica. Temos de fazer uma guerra frontal contra a homofobia.”

Políticas públicas para as mulheres

“Não basta ser mulher, é preciso estar do lado certo. E a Dilma e Marina defendem lados muito errados para os direitos das mulheres. O tema dos direitos das mulheres, como o direito às creches e a descriminalização do aborto não são abordados. Dilma fez menos de 10% das 70 mil creches que prometeu, o que influencia muito a vida das mulheres. Até mesmo na participação política”, afirma a candidata do PSOL.

Rompimento com o PT

“O PT desenvolveu um conjunto de políticas que contrariavam tudo que sempre defendeu. A gota d’água foi a reforma da Previdência. Eu não aceitei a votação da reforma da previdência por acreditar que tirava os direitos dos trabalhadores. O apoio do Sarney para a presidência do Senado foi outra situação. Nós entendemos que os nossos mandatos não podem ser um instrumento de ataque aos direitos dos trabalhadores, diz Luciana. “O Lula acabou revelando ao país inteiro que nunca foi de esquerda”, conclui a candidata.

Assista a entrevista na íntegra: