O livro Zelota – A vida e a época de Jesus de Nazaré ( Ed. Zahar), de Reza Aslan, é uma belíssima pesquisa sobre quem seria e como teria vivido este homem chamado Jesus. Ele relata que o domínio romano sobre Jerusalém inicia em 63 AC. Messias era o descendente do rei Davi, que viria para restaurar Israel, libertar os judeus da ocupação e estabelecer o poder de Deus em Jerusalém. Jesus foi crucificado por que suas aspirações messiânicas ameaçavam a ocupação da palestina pelos romanos, e sua devoção colocava em perigo as autoridades do templo, que colaboravam com os romanos. O Reino de Deus era um apelo à liberdade do domínio estrangeiro, um chamado à revolução: Tanto o evangelho de Mateus como o de Lucas reproduzem esta frase de Jesus: “Não pensais que vim trazer a paz à terra. Eu não vim trazer a paz, mas a espada”. Jesus era, portanto, um revolucionário, um combatente contra a ocupação romana e contra os sacerdotes colaboracionistas. Por isso foi morto.
Esta mesma visão de Jesus como um homem de luta é expressa pelo meu querido orientador no mestrado, professor Alysson Leandro Mascaro. Além de escrever livros de filosofia e direito, Alysson também escreveu outro, chamado Cristianismo Libertador (Editora Comenius, 2002). Eu não sou religiosa, mas este pequeno livro é uma grande mensagem de amor e de luta. Para esta sexta feira santa reproduzo, então, um pequeno trecho:
“O Cristo transformador não é o que luta pelo desvalido. A luta contra a injustiça é também cristã, mas a construção de um mundo justo é mais cristã ainda. Reparar a fome é ato cristão, mas distribuir plantação e a colheita a todos é mais cristão ainda. O Cristo transformador altera radicalmente as estruturas de nosso mundo, de tal modo que ninguém precise de esmola, ninguém necessite de caridade, ninguém seja devedor ou credor de sopa e pão da boa intenção alheia. O sistema capitalista será sempre o sistema do cristianismo da esmola. Este cristianismo da esmola é o falso cristianismo, é o cristianismo dos homens fracos, e Nietzsche apontou isso bem. Mas o único verdadeiro cristianismo, este sim é o cristianismo dos fortes, da luta, da batalha, da transformação, da construção de um mundo justo e não só da reparação das feridas deste.”
Que os cristãos se inspirem, de verdade, no exemplo de Jesus!