PSol retira candidatura ao Senado para apoiar Paim
O PSol anunciou ontem a retirada da candidatura de Luiz Carlos Lucas (PSol) ao Senado para transferir o segundo voto da sua militância a Paulo Paim (PT), que busca à reeleição. A sigla mantém como primeira opção ao Senado o nome de Berna Menezes (PSol). Lucas e Pedro Ruas, candidatos da legenda ao Piratini, entraram em consenso na quarta-feira à noite, e reuniram a executiva ontem pela manhã para tomar uma decisão coletiva e fizeram o anúncio à tarde.
O acordo foi construído por meio do vereador Adeli Sell, presidente do PT da Capital e coordenador da campanha de Paim. Ele admite que conversou com os colegas de Legislativo do PSol, Ruas e Fernanda Melchionna, mas nega que tenha feito movimentos bruscos. “Foi algo que partiu deles, que ocorreu naturalmente por entenderem que, diante do quadro acirrado, o Paim não pode ficar de fora do Senado”, disse Adeli, citando os adversários Germano Rigotto (PMDB) e Ana Amélia Lemos (PP). “As coisas se efetivaram nas últimas 48 horas”, comentou.
Ao explicarem o apoio ao petista, que pertence à legenda que expulsou vários dos atuais membros do PSol, os socialistas disseram que Paim está “acima das fronteiras partidárias pela defesa que faz dos trabalhadores”. “Tomamos a decisão diante das circunstâncias em que a direita ameaça retirar o mandato do Paim, que é comprometido com o fim do fator previdenciário e com o reajuste dos aposentados vinculado ao salário mínimo”, disse Ruas.
TALINE OPPITZ
PSol reforça campanha de Paim
Ao retirar uma das candidaturas ao Senado, a de Luiz Carlos Lucas, para permitir uma dobradinha informal com Paulo Paim, o PSol criou um fato político, mas ainda é cedo para mensurar qual será o impacto, na prática, do apoio ao senador petista, que concorre à reeleição. Na última pesquisa Instituto Methodus/Correio do Povo, divulgada no dia 16, Lucas aparecia com 1,3% das intenções de voto. Em uma disputa acirrada pelas duas vagas no Senado, como a protagonizada por Paim, Ana Amélia Lemos, do PP, e Germano Rigotto, do PMDB, um percentual mínimo pode representar a diferença necessária à conquista de uma das cadeiras. O apoio do PSol, porém, não garante a transferência automática de votos para Paim, principalmente em função da mágoa alimentada por militantes do partido, que nasceu a partir da expulsão, pelo PT, de lideranças como Luciana Genro. O movimento também está sendo interpretado por adversários como a confissão de que se acendeu a luz vermelha e que o PT está preocupado com a possibilidade de Paim perder a briga pela reeleição, situação que pode demonstrar certa fragilidade à campanha do senador perante o eleitorado.
Costura
O apoio do PSol à candidatura de Paim foi impulsionado pela preocupação do partido com a possibilidade de eleição de Ana Amélia e Rigotto, em detrimento de Paim, que defende bandeiras similares às do partido, como o fim do Fator Previdenciário. O movimento teria sido feito pelo próprio PSol e costurado em conversas na Câmara de Porto Alegre. O interlocutor do PT no episódio foi Adeli Sell, presidente municipal do partido e coordenador da campanha de Paim.