Rentistas assumem: Não existe país com políticas econômicas tão boas pagando rendimentos tão altos quanto Brasil
Nesta semana, o jornal Valor Econômico revelou a opinião de um representante do próprio setor financeiro sobre a dívida interna brasileira: “Não existe um país no mundo com políticas econômicas tão boas pagando rendimentos tão altos quanto o Brasil”.
Um exemplo de como a política econômica brasileira é boa para os especuladores foi a divulgação, nesta semana, pelo Banco Central, do novo Relatório de Inflação, segundo o qual o país terá de aumentar mais ainda os juros para controlar a inflação. Isso levou os rentistas a aumentarem os chamados “juros futuros”, ou seja, os juros exigidos para emprestarem ao governo.
Nunca é demais lembrar que a CPI da Dívida constatou que tais expectativas de inflação consideradas pelo BC em sua decisão sobre a taxa de juros são formuladas também pelos próprios rentistas, o que caracteriza grave indício de ilegalidade da dívida interna. Esse e outros graves indícios de irregularidades no endividamento compuseram o Voto em Separado (Relatório Alternativo) da CPI, e se encontram sob investigação do Ministério Público Federal.
Lobby dos bancos consegue frear reforma financeira nos EUA
A reforma financeira nos Estados Unidos, proposta pelo presidente Barack Obama, prevê limites para os mecanismos especulativos dos bancos, mas se tornou mais branda para poder ser aprovada pelos deputados mais conservadores. Os banqueiros fazem forte pressão junto aos parlamentares contra a proposta de reforma, e parece que estão tendo sucesso. Como resultado, as ações de bancos como o J.P. Morgan Chase, Citigroup, Goldman Sachs e Morgan Stanley tiveram forte alta no fim da semana passada.
Mesmo a introdução de uma taxa de US$ 19 bilhões sobre os bancos foi visto por eles mesmos como um “preço pequeno” a ser pago, diante da ajuda trilionária que já tiveram.
Governo brasileiro trabalha no G-20 contra proposta de taxa global sobre transações financeiras
Enquanto nos EUA o lobby dos banqueiros consegue evitar que o setor financeiro pague pela crise que provocou, no G-20 é o governo brasileiro que faz esse papel nefasto. O Brasil trabalhou contra a proposta do G-20 de instituir uma taxa global sobre o setor financeiro, e ainda comemorou que tal taxa não constou do comunicado desse grupo de países. Como consequência, fica mais difícil Alemanha, França ou Inglaterra instituírem tal taxa, e assim os custos da crise nesses países ficam cada vez mais com os trabalhadores, que sofrem com a imposição de reformas, da previdência, por exemplo.
Importante ressaltar que a taxação dos fluxos financeiros internacionais (a chamada Taxa Tobin) é uma bandeira histórica de diversos movimentos internacionais, como a ATTAC – Ação pela Tributação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos, e consta no item 54 do próprio programa de governo de Lula em 2002, denominado Concepção e Diretrizes para o Governo do PT para o Brasil.
Agora, o governo brasileiro é contra essa taxa, alegando que os bancos no Brasil não receberam um centavo de ajuda na crise. Porém, o Tesouro Nacional paga ao sistema financeiro os maiores juros do mundo na dívida interna.