Com o companheiro Luiz Arnaldo compusemos a delegação oficial do PSOL no Congresso da IV Internacional (SU) na Bélgica. Este é um breve relatório da tarefa encomendada pelo Comitê Executivo, com nossas impressões e com algumas tarefas internacionais que se derivam a partir deste congresso. (Os textos votados sobre a situação política mundial, eco socialismo e resolução política e tarefas poderão ser encontrados nos sites da organização, em espanhol www.puntodevistainternacional.org)
O Congresso durou seis dias, dos quais participamos das sessões abertas que foram cinco. Estivemos nos três debates políticos: situação mundial, ecologia, e resolução política e tarefas da IV (SU). Este último ponto foi a nosso entender o mais concreto e com derivações a ter em conta pelo partido já que se tratou nele algumas iniciativas internacionais.
Uma breve análise da composição do Congresso nos diz que estavam pressentes organizações de virtualmente toda a Europa Ocidental, dos Estados Unidos e Canadá. A delegação européia mais representativa eram os membros do NPA que participam da IV. Uma delegação da fração trotskysta do Bloco da Esquerda; a Sinistra Critica da Itália, uma organização do estado espanhol Esquerda Anticapitalista que saiu já faz um tempo de Esquerda Unida, membros que estão dentro da Aliança Vermelha e Verde da Dinamarca, A memória nos pode falhar nesta descrição; contamos que havia companheiros da Inglaterra, Alemanha, Grécia, Suécia, Suíça a Bélgica grupo ao qual pertence Eric Toussaint. Um grupo juvenil da Rússia informou no congresso de sua incorporação à organização internacional.
Do Ásia havia uma delegação de Filipinas, o camarada Farroq Tarik LPP do Paquistão chegou aos finais pelas demoras que puseram as autoridades desse país com os vistos; um grupo de Hong Kong, do Sri Lanka e Japão. Da África o PST de Argélia, uma organização de Marrocos, do Líbano, Togo.
Da América Latina estava a delegação de quatro companheiros da corrente interna de nosso partido Enlace, o PRT mexicano, MAS de Porto Rico, Equador, Colômbia e Bolívia.
Das organizações convidadas as mais destacados eram o PSOL, o MST Argentina, Marea Socialista da Venezuela, o PT da Polônia – que é uma formação nova de operários que dirigem o Sindicato mineiro maior desse país-, um representante da Syriza da Grécia, Ahmed Shawsky do Internacionalist Socialist Organization da USA e o SWP da Inglaterra.
Conclusões políticas e tarefas
Foi um congresso rico que nos permitiu conhecer um ângulo importante da situação mundial, especialmente o europeu. Ao mesmo tempo foi uma correta participação que nos permitiu estabelecer contatos. Notamos que pela diversidade e o tipo de delegações, organizações de certa influência de massas e outras que podemos caracterizar como núcleos de vanguarda, as discussões foram úteis embora em certa medida não deixassem de ser gerais. Os documentos junto com assinalar a crise econômica e ecológica global, destacam a crise da socialdemocracia e as partidas herdeiros dos PCs, e assinalam as possibilidades de construção de novos partidos anticapitalistas. Este foi um dos centros do debate, podemos dizer o mais importante. Pensamos que esta é uma orientação muito positiva, já que reafirma a mesma política que nós temos na construção do PSOL. Notamos que se entrou pouco no debate das características das lutas concretas, por exemplo, se falou pouco da crise da Grécia, Portugal e Espanha, e da greve geral que tinha ocorrido no primeiro país. Em geral os congressistas fizeram uma diferença entre a situação da Europa mais lenta que a latino-americana aonde se vivem processos mais dinâmicos.
Embora não foi um ponto muito mencionado nos debate, esteve em discussão o tema da chamada a V Internacional feito pelo Chávez. Nas intervenções houve em geral acordo de participar, com um claro remarque negativo a fazê-lo por parte da delegação do Bloco da Esquerda do Portugal.
Como destaques das iniciativas tomadas têm que assinalar a votação favorável à proposta feita por Maréa Socialista da Venezuela, e apoiada pelo MST da Argentina e a delegação brasileira de realizar uma reunião de partidos e organizações anticapitalistas e socialistas nos começos de Junho em dito país. Reunião que não é nem em oposição nem contraditória com o chamado do Chávez a V, mas sim têm o objetivo de dar passos coordenados das organizações convidadas presentes junto às organizações que fazem parte da IV (SU). Trata-se de uma reunião de muita importância já que se reuniram partidos anticapitalistas e socialistas da América Latina com alguns partidos de orientação similar da Europa e os EUA, para avançar na discussão dos efeitos da crise, estabelecer tarefas comuns e um trabalho de colaboração e de solidariedade conjunta. (Em baixo reproduzimos o chamado da Maria Socialista)
É de destacar também a participação na cúpula dos povos da Cochabamba convocada pelo Evo Morales em defesa da mãe terra e em contraposição à cúpula de Copenhague que se realizará em Abril.
Temos que felicitar a direção do evento pela acolhida que nos fizeram a organização efetiva e a abertura que tiveram para escutar nossas contribuições.
Luiz Arnaldo
Pedro Fuentes
Convocatória a Reunião Internacional
A primeira Conferência de nossa organização, realizada no final de janeiro deste ano, abordou como um de seus pontos a situação internacional e as tarefas que os anticapitalistas e os socialistas revolucionários têm pela frente. Estamos atravessando uma profunda crise do sistema capitalista, que mostra em toda sua magnitude a decadência e irracionalidade de um sistema que está levando a humanidade a enormes níveis de miséria, exploração e destruição da natureza.
A crise do capitalismo imperialista abre a oportunidade de lançar com mais força propostas alternativas. E, também, para avançar na construção de organizações amplas, de diversos tipos, com o objetivo de intervir na realidade política e da luta de classes de nossos países. Há mais espaços para intervir e muitos desafios políticos para enfrentar. Os socialistas têm muito para dizer e fazer, diferentemente de todas as variantes da social-democracia, os sociais-liberais ou a centro-esquerda, que não podem responder corretamente a essa nova situação.
A América Latina vive importantes processos e confrontações como imperialismo e a grande burguesia. Sofremos e enfrentamos também as bases ianques na Colômbia. Estas são uma ameaça para toda a região e ao grau de independência política alcançado por Venezuela, Bolívia e Equador. Vivemos também o golpe em Honduras e é necessário seguir colaborando com a resistência desse país. E, nos últimos tempos, também vimos a desgraça do povo do Haiti e a resposta imperialista de aproveitar a situação para instalar-se na região.
Em nosso país, o processo revolucionário e bolivariano atravessa um momento muito importante. Está colocada a necessidade da luta pelo avanço em seu aprofundamento socialista em meio a grandes problemas e contradições internas que colocam em risco o processo revolucionário.
Em outras partes do mundo, também se vive a crise e têm começado as respostas e mobilizações dos trabalhadores e setores populares. Assim, começou a ocorrer na Europa com o desenvolvimento da crise na Grécia que afeta todo o continente. Já começam a ver-se as primeiras mobilizações e greves nesse país, mas também na Inglaterra, França, Espanha e outros importantes países.
A crise e a tentativa de fazer com que seja paga pela classe trabalhadora e os setores populares também é respondida com força em distintos países do Leste Europeu. Ao mesmo tempo, segue a resistência do heróico povo palestino e, no Iraque e no Afeganistão, o imperialismo vê-se num pântano. O mesmo caminho pode ocorrer em outras regiões do mundo.
Acreditamos ser muito necessário buscar âmbitos para debater e organizar as tarefas que os movimentos, partidos e organizações anticapitalistas e socialistas revolucionárias do mundo têm pela frente. A serviço de dar um passo adiante nesse sentido, propomos realizar uma reunião internacional na primeira semana de junho deste ano em nosso país. Um evento onde possamos debater em comum a crise capitalista, as propostas socialistas, a luta antiimperialista e anticapitalista na América Latina, a construção de partidos e alternativas amplas, as campanhas de solidariedade com diversas lutas do mundo e as propostas que levaremos ante o chamado à construção da V Internacional.
Entretanto, sobretudo, vemos este evento a serviço de responder à necessidade de iniciar uma aproximação maior entre as distintas organizações e partidos que temos acordos importantes sobre temas centrais da situação do mundo, a construção de partidos anticapitalistas amplos como o NPA da França, o PSOL do Brasil e o Marea Socialista da Venezuela. É necessário abrir um debate profundo entre todos nós sobre a busca de acordos e de trabalho comum no caminho de ver a possibilidade de avançar a um marco internacional mais amplo, que contenha organizações e partidos dispostos a conformá-lo a partir da base de acordos políticos sobre os principais processos que vive o mundo.
Marea Socialista – Caracas, 25 de fevereiro de 2010.