Hoje é dia de lembrar um dos episódios mais odiosos da vida política do nosso país: o golpe militar de 64, e a longa noite que seguiu-se. Ditadura, repressão, torturas, desaparecimentos. Mais de 25 anos passaram-se desde que a ditadura militar chegou ao fim, mas muitas feridas continuam abertas e sangrando. Segue drama das famílias dos desaparecidos políticos que jamais tiveram o direito de concluir o rito de passagem da perda de seus entes queridos. Segue o drama daqueles que sobreviveram ao regime, mas que jamais se recuperaram das prisões e torturas físicas e psicológicas a que foram submetidos. A reparação pecuniária jamais vai ser uma verdadeira compensação pelo sofrimento. A luta pelo direito à verdade e à justiça continua sendo um desafio para garantir que esse triste episódio da vida nacional jamais se repita. É um marco nessa luta a ação de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, feita pela OAB nacional e que está aguardando julgamento no Supremo. Ali ela questiona a constitucionalidade da lei da Anistia (6.683/79) e pede “uma interpretação conforme à Constituição, de modo a declarar, à luz dos seus preceitos fundamentais, que a anistia concedida pela citada lei aos crimes políticos e conexos não se estende aos crimes comuns praticados pelos agentes da repressão conta opositores políticos, durante o regime militar (1964-1985)”. Vários foram os países da América Latina que puniram seus torturadores, pois a sociedade exigiu, mobilizada. Aqui, as vozes nessa direção foram poucas, mas estão aumentando. Seguiremos exigindo o direito à verdade e à justiça!
31 de março de 1964: feridas que ainda sangram