Quando assistimos na televisão às notícias sobre o assassino do menino João Hélio, ou sobre a festa de traficantes que foi estourada pela polícia e mais de 200 foram presos, as imagens dos bandidos são quase sempre de jovens, negros e pobres. Nada, absolutamente nada, explica ou justifica maldades como a que foi cometida contra João Hélio e tantas outras vítimas da violência. Mas é útil refletir sobre as condições em que vivem os jovens, tão vulneráveis a transformar-se em vítimas ou agentes da violência.
Sobre o trabalho: O Insitituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) constatou que triplicou o desemprego entre jovens dos 16 aos 20 anos, passando de 7% no fim da década de 80 para 20% no fim desta primeira década do século XXI. O número de jovens que não estuda e nem trabalha chega a 19,8%. Na faixa dos 21 aos 29 anos o desemprego atinge 11% e entre os que trabalham nada menos do que 50% não tem carteira assinada.
Sobre a educação: De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), na faixa entre 15 e 17 anos, 52% não estão cursando o ensino médio, nas áreas urbanas. No meio rural sobe para 70%. Somos o país com maior número de crianças fora da escola na América Latina e Caribe: 900 mil entre 7 e 10 anos. Apenas 13% dos jovens acima dos 18 anos cursa o ensino superior.
A continuar assim, certamente a violência, o tráfico, as gangues vão seguir se alimentando da nossa juventude, e ela vai seguir sendo uma das maiores vítimas da violência de todos os tipos.