A criminalização dos movimentos sociais, mais especificamente pela reforma agrária, mostrou novamente a cara no mês de janeiro em dois estados do país. Entre os dias 25 e 26, nove militantes do MST foram presos em Iaras, São Paulo. Segundo relatos vindos da região, os policiais, além de cercarem casas e barracos, prenderem pessoas e promoverem o terror em algumas comunidades; também apreenderam pertences pessoais de muitos militantes – exigindo notas fiscais e outros documentos para forjar acusações de roubos e crimes afins. As prisões fazem parte da Operação Laranja, que investiga a destruição de um laranjal e a depredação das instalações de uma fazenda da empresa Cutrale. A polícia, por ter distribuído os detidos por diferentes locais da região de Bauru, dificultou a ação da defesa e o contato dos familiares.
Já no dia 28 um dos coordenadores estaduais do MST em Santa Catarina, Altair Lavratti, foi preso em Imbituba, no momento em que realizava uma reunião pública, num galpão de reciclagem de lixo da cidade. Segundo a Polícia Militar, as prisões foram preventivas, para evitar supostas ações ilegais. Também foram presos Marlene Borges, presidente da Associação Comunitária Rural e o militante Rui Fernando da Silva Junior. No dia 29, mais de 50 entidades participaram de um ato de apoio ao MST de Santa Catarina. A atividade condenou as prisões e representantes das entidades assinaram uma moção de repúdio à ação da Polícia Militar e do Judiciário. No dia 30, os três foram libertados.
A acusação é de que Lavratti, junto com outros sindicalistas e militantes sociais, preparava uma ocupação de terras na região. Ele foi levado sob a alegação de “formação de quadrilha”. Segundo informações divulgadas no jornal Diário Catarinense, os integrantes do MST estavam sendo monitorados desde novembro e, de acordo com a polícia, teriam ocorrido gravações telefônicas e a infiltração de policiais disfarçados nas reuniões dos militantes da região.
Para o MST, as prisões foram descabidas, e só refletem a forma autoritária como o governo de Santa Catarina tem conduzido a relação com os movimentos sociais, criminalizando as tentativas dos catarinenses de realizar a luta por uma vida digna.
Fonte: psol.org.br