Nesta sexta-feira, 29, a militância se reuniu no novo comitê do PSOL, na Av. João Pessoa, 911, para participar do seminário ‘Estratégia Socialista do Século XXI’, que contou com explanações da deputada federal Luciana Genro, do presidente estadual do partido, Roberto Robaina, e do sociólogo Israel Dutra. A atividade foi aberta com a intervanção teatral ‘Assuma a sua negritude’, apresentada pela companheira Janine, que dedicou a performance a Luciana, já que seu mandato conseguiu a aprovação de uma emenda referente ao projeto de reconhecimento dos clubes sociais negros. A deputada ficou emocionada com a homenagem.
Em seguida, o vereador de Porto Alegre Pedro Ruas abriu a apresentação do debate, esxplicando que a atividade foi pensada para marcar o final do Fórum Social Mundial 10 Anos e também uma definição do PSOL para o ano que começa: “Questões que não se esgotam em um ano, mas que seguirão presentes no século XXI.” Para Ruas, o debate sobre estratégia “justifica e formaliza” a tática partidária. “Tenho muito orgulho de ver este espaço lotado mesmo numa sexta-feira de pré-feriadão na Capital, e de ter aqui a meu lado três fundadores do PSOL para este debate de formação.”
Luciana iniciou sua fala lembrando que, no PSOL, momentos de debate política são muito importantes, “pois é quando podemos nos preparar para os embates que vêm pela frente”. À deputada, coube falar sobre a experiência do PT e as lições que podem ser apreendidas com os acertos e erros da sigla: “É uma história que se mistura com a minha, já que completei 39 anos neste mês e passei quase 20 no PT.” Para Luciana, o maior erro do antigo partido foi abandonar o projeto de “independência de classe dos trabalhadores, seu traço mais importante”. Ela frisou que esse foi o maior motivo de sua ruptura, junto com Heloísa Helena. “Não foi porque o PT não era revolucionário, mas porque não implementou as próprias reformas que pregava. Já no governo Olívio, aqui no Estado, houve embates contra os trabalhadores, e os deputados petistas foram obrigados a votar contra os professores. E votaram, à exceção de mim. O MES – Movimento de Esquerda Socialista, nossa corrente, já estava atento a isso, desde 1989.”
“Reformas não são capazes de construir o socialismo, pois o estágio atual do capitalismo só oferece mais ataques ao povo trabalhador e os reformistas acabam se tornando neoliberais (…) O PSOL é um partido com um núcleo de direção revolucionário que não abandona o diálogo com as massas. Não queremos falar sozinhos nem apenas ganhar eleições, mas chegar às massas e aglutinar a vanguarda.”
Israel se propôs a resgatar a história da esquerda no Brasil para pensá-la para o futuro. “A esquerda, ao contrário do que prega a grande imprensa, não foi figurativa na história, e sim, participou de todas as importantes lutas do século XX, e deve seguir nessa perspectiva no século XXI”, disse, citando os principais movimentos ligados à esquerda que ocorreram no país. Sobre estratégia, ele colocou que “a tática deve ser a sua refração, e que, para isso, a militância tem que por as mãos à obra, e levar a luta a sua rotina”. Robaina optou por falar sobre Lênin: “Acho que vale a pena neste painel falar de quem nasceu ainda no século XIX, e que reivindicamos como chefe de nossa estratágia, pois, na essência, temos as mesmas estratégias. Lênin é de uma época em que surgiram os embates entre a burguesia e a classe trabalhadora, e ele já dizia que a tática dos trabalhadores deveria ser a intervanção no dia-a-dia. Não há como formular estratégia sem ter uma teoria, e essa é nossa diferença gigantesca em relação ao PT, que se tornou oportunista ao chegar ao poder. Nós pensamos e sabemos o que pensamos.”
“Lutamos no presente para ter um futuro diferente”, disse Robaina.