A posição do governo Lula precisa ser firme em defesa do Brasil e das liberdades democráticas
Corruptos e burgueses não podem enfraquecer a posição do Brasil na crise de Honduras
O PSOL, como partido de oposição de esquerda, não hesitou em defender a posição do governo brasileiro e sua diplomacia internacional que garantiu o ingresso e a permanência na Embaixada Brasileira em Honduras ao presidente legítimo desse país, Manuel Zelaya, local que serviu e segue servindo para sua proteção. Essa posição do governo brasileiro permitiu, além da proteção de Zelaya, que o movimento de massas democrático avançasse em sua mobilização contra os golpistas, único caminho para derrotar o regime de repressão aberta instalado em Honduras e que ali tenta se consolidar com base nas prisões, no Estado de sítio, no derramamento de sangue e no medo.
Diante da correta posição da diplomacia brasileira e do presidente Lula de condenar de modo veemente, e reiteradamente os golpistas, apoiando o retorno de Zelaya ao poder e garantindo sua permanência por tempo indeterminado na embaixada, os golpistas de Honduras ameaçam nossa embaixada. Desde o primeiro dia, cercaram com tropas o local que é considerado internacionalmente território brasileiro. Reprimiram os que para lá se dirigiram, atacaram suas instalações com gases tóxicos, algumas vezes insinuaram que poderiam invadi-la e, agora, finalmente, exigem que o governo do Brasil defina em dez dias o status de Zelaya, o que significa entregá-lo para as autoridades golpistas com sua ordem de prisão contra o presidente legítimo ou declará-lo asilado e, portanto, fora do território hondurenho. Mais uma vez, o presidente Lula e seu ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, atuaram corretamente, uma vez mais desconhecendo autoridade nos golpistas para fazer qualquer exigência.
Ao mesmo tempo, é preciso ser dito que a hora é de se manter firme. Desde o início, alguns representantes do govenro Lula no Congresso Nacional assumiram posição contrárias ao governo, pressionando a favor dos golpistas. As declarações de Romeu Tuma, senador do PTB, criticando a autorização para Zelaya permanecer na embaixada foi a primeira, mas não a única. Não poderia ser diferente vinda de um ex-chefe da Polícia Federal durante a ditadura militar brasileira. As alianças de Lula começaram a mostrar sua natureza reacionária. Agora, o corrupto presidente do Senado, tragicamente também aliado de Lula, vem defender que é inconveniente que Zelaya continue na embaixada, sustentando que o Brasil deve definir seu status de asilado.
Também não surpreende ao PSOL que o corrupto Sarney esteja preocupado que o governo brasileiro possa estar colaborando para um levante democrático do povo hondurenho. Se a moda pega, seus dias estão contados. Porém, a posição do presidente do Senado enfraquece o governo brasileiro. Enfraquece a luta do povo hondurenho. Afinal, os ditadores de Honduras assistem às declarações dos políticos brasileiros. Percebem, assim, que encontram parceria e amigos no governo de Lula. Percebem que a manutenção de sua intransigência, de sua intolerância e de sua repressão pode surtir efeito e ganhar pontos no Brasil. Não vamos nos referir à maioria da grande mídia, que sempre que pode critica Zelaya e tenta retirar apoio do governo Lula. Nos referimos aos que Lula declara como aliados e a membros do governo.
O mais grave veio do ministro da Defesa, Nelson Jobim, do PMDB. O ministro declarou que o Brasil não vai, em hipótese alguma, enviar tropas para defender nossa embaixada. Isso parece uma declaração sensata. Mas não é. Não se trata de defender que o Brasil declare guerra. Nem propomos envio de tropa. Nosso apoio é ao povo de Honduras, e a guerra contra o povo quem está tratando de levar adiante é o governo de Michelleti. Mas o ministro da Defesa do Brasil não tem nada que fazer declarações que mais servem para ministro da “rendição”, não da defesa. Quem perguntou se o Brasil vai mandar tropas? O ministro Jobim está respondendo às pressões da burguesia brasileira reacionária e seu colega de partido, o corrupto Sarney, não ao povo de Honduras e aos interesses do Brasil. Quando nosso país é chantageado, ameaçado, agredido, não cabe ao ministro da Defesa enviar sinais de rendição ou de covardia. Repetimos: não pedimos que se declare guerra, mas muito menos aceitamos que se declare paz aos golpistas. São essas declarações que enfraquecem a luta do povo hondurenho, enfraquecem o Brasil na solução da crise e dão fôlego para os golpistas de Honduras. Esse fôlego que é preciso urgentemente retirar para que a crise tenha uma solução rápida e democrática.
O presidente Lula e seu ministro das Relações Exteriores não podem mais aceitar declarações de seus aliados e ministros que conspiram contra o Brasil. Muito menos quando estamos falando do ministro da Defesa. O Brasil, ao contrário, do que necessita é de mais firmeza. Necessita deixar claro que apoiará o povo hondurenho. Necessita demandar em alto e bom som que os Estados Unidos retirem toda e qualquer sustentação que ainda mantém aos golpistas de Honduras. Enfim, o Brasil precisa jogar duro. O resto, temos certeza, o povo de Honduras terá forças para conquistar.
Diante dos acontecimentos, todos sabem, o PSOL tem apoiado ativamente as medidas do governo Lula em defesa da luta democrática em Honduras e manifestado solidariedade com o povo hondurenho. Seu representante internacional, Pedro Fuentes, já encontra-se há mais de uma semana em Tegucigalpa; militantes de nosso partido no Rio Grande do Sul também viajam para prestar solidariedade; nossa bancada de deputados tem um representante na delegação do Congresso Nacional que também se dirige ao país. Temos impulsionado e participado de atos de rua nas capitais do Brasil em defesa da luta do povo de Honduras, contra o golpe e pelo retorno de Manuel Zelaya à presidência.
Por isso também, numa hora tão grave, combatemos os burgueses e corruptos do governo Lula que trabalham contra os interesses nacionais.
Roberto Robaina
Presidente do PSOL/RS