Luciana Genro nega conspiração contra Yeda e diz que governadora compra deputados
da Folha Online, 13 de julho de 2009
A deputada federal Luciana Genro (PSOL-RS) negou nesta segunda-feira que ela e seu pai, o ministro Tarso Genro (Justiça), estão por trás do vazamento de informações contra a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB). A deputada também voltou a pedir o impeachment da tucana ao dizer que ela “compra” o apoio dos deputados estaduais com cargos e verbas.
Segundo reportagem de hoje do “Zero Hora”, um grupo de conselheiros da governadora decidiu espalhar a tese de que há uma conspiração contra Yeda feita pelo ministro Tarso em parceria com a filha com vistas nas eleições de 2010. Como chefe da Polícia Federal, Tarso facilitaria o vazamento de informações colhidas durante as investigações.
Entre outras denúncias, a governadora é suspeita de desviar verbas públicas, fazer caixa dois em sua campanha e comprar com esse dinheiro uma casa em um bairro nobre de Porto Alegre.
Em entrevista à rádio gaúcha RBS, Luciana negou as acusações dos governistas. “Isso é totalmente ridículo, absurdo. Todo mundo conhece a minha trajetória e a do Tarso, que jamais faria esse tipo de conspiração com a filha para prejudicar a governadora”, afirmou.
Ela também lembrou das divergências políticas com o pai, o que impossibilitaria a conspiração conjunta. “O fato eu ser filha do Tarso nunca me atrelou a ele politicamente. Ao contrário: sempre tivemos diferenças.”
Compra de votos
Após sua defesa, Luciana partiu para o ataque. Ela disse que a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a governadora não sai do papel porque Yeda compra dos deputados estaduais com cargos e verbas.
“A Assembleia não tem cumprido seu papel. Os deputados são eleitos para legislar e fiscalizar o governo, mas a Assembleia está se recusando. […] Eu só posso concluir que, diante de tantas evidências, […] é porque a governadora está comprando deputados com cargos, […] com verbas para as bases eleitorais […] para comprar, entre aspas, os votos dos parlamentares nesse balcão de negócios entre o Legislativo e Executivo”, disse.
A reportagem entrou em contato com o a assessoria da governadora, que até o momento não retornou contato.
Luciana: impeachment de Crusius não sai porque ela “compra” voto
do Blog Conversa Afiada, 14 de julho de 2009
Paulo Henrique Amorim entrevistou a deputada Luciana Genro, do PSOL do Rio Grande do Sul, sobre a acusação da governadora Yeda Crusius de que Luciana faria parte de um complô para derrubar a governadora.
Veja a reposta de Luciana:
“Essa seria uma conspiração muito estranha se ela existisse. Porque ela teria que juntar a mim, do PSOL, além do Pedro Ruas e do (Roberto) Robaina, que junto comigo fizeram a denúncia em fevereiro de 2009. Teria que juntar o vice-governador, que é do DEM, teria que juntar o PT, que também na Assembléia está questionando a governadora, teria que juntar inclusive dois ex-secretários dela que saíram do governo dizendo que não conseguiram implementar nenhuma transparência no governo Yeda. Teria que juntar a viúva do Marcelo Cavalcanti, que morreu misteriosamente às vésperas de dar um depoimento ao Ministério Público Federal que viria confirmar uma série de denúncias envolvendo a governadora. Então, seria realmente uma conspiração muito esquisita, tá? E esse fato de eu ser filha do Ministro da Justiça, que pode fazer uma vinculação entre as minhas denúncias e o Ministro, é simplesmente ridículo, porque domingo mesmo o PSOL fez o seu Congresso Estadual lançando o seu pré-candidato a governador, que é o nosso vereador Pedro Ruas. E a minha relação com o Tarso sempre foi de muito afeto familiar e distanciamento político, inclusive estamos em partidos diferentes e eu fazendo oposição ao governo do qual ele é Ministro.”
Paulo Henrique perguntou também por que não há o impeachment de Crusius ?
“Não há o impeachment porque a Assembléia Legislativa em primeiro lugar vem sendo “comprada”, tá? Vários parlamentares vem sendo “comprados” através da liberação de cargos. O Diário Oficial tem saído com muitas páginas nas últimas semanas de nomeações, liberações de verbas para bases eleitorais de parlamentares e também porque existem muitos parlamentares na Assembléia que também estão envolvidos, cujos nomes inclusive já vieram à tona em investigações da Polícia Federal, no depoimento dessa testemunha que é o Lair Ferst. Então, alguns tem medo dessa investigação porque eles próprios podem estar implicados e outros trocaram, né, a sua função fiscalizatória por cargos e verbas de suas bases eleitorais.”
Ouça a entrevista