Sr. presidente, sras. e srs. deputados,
Eu quero falar hoje sobre a difícil situação que vivem os camelôs em Porto Alegre, os vendedores ambulantes que durante muitos anos estiveram nas ruas da nossa cidade tentando ganhar a vida, tentando garantir a sua sobrevivência, e sendo constantemente perseguidos, nos diferentes governos, por fiscais da prefeitura ou pela Brigada Militar.
Quando o governo municipal lhes propôs a construção de um camelódromo onde poderiam se instalar, eles acreditaram que finalmente teriam paz para trabalhar sem serem perseguidos e ganhando o seu sustento dignamente. Lamentavelmente, o sonho de um local tranquilo para trabalhar virou um enorme pesadelo. A realidade é que os camelôs foram enganados pela prefeitura e pelo governo. As promessas não foram cumpridas.
O camelódromo se transformou em um grande pesadelo.
As promessas não-cumpridas começaram desde a inauguração do camelódromo, no meio do verão e sem a prometida festa que teria a presença do prefeito. Não há acesso ao local, o tamanho das bancas é muito menor do que o prometido, o ambiente é quente, sem ventilação, com goteiras, as pessoas têm dificuldades de circular. Principalmente, sr. presidente, o aluguel é extorsivo. Eu, como candidata a prefeita na eleição passada, já denunciava que seria inviável para os camelôs assumirem um aluguel de R$ 80 por semana, mais R$ 65 de condomínio. O que acontece agora é que os camelôs, dado o baixo movimento no camelódromo, não estão conseguindo pagar esse aluguel abusivo. E a prefeitura simplesmente se nega a interceder.
Recentemente, o secretário deu uma entrevista dizendo que esse é um assunto dos camelôs com a empresa. E, por sinal, a empresa Verde não sofreu da prefeitura a mesma fiscalização que os camelôs sofriam quando trabalhavam nas ruas da cidade. A Verde fez uma obra muito precária, muito mal feita mesmo, e que com certeza ainda vai criar muitos problemas para os camelôs e também para a empresa, porque a nossa vereadora Fernanda Melchionna está todos os dias no camelódromo, dialogando com os camelôs e com a prefeitura, buscando a negociação e apoiando a luta e a mobilização dos trabalhadores.
Não vamos aceitar o despejo nem vamos aceitar essa decisão do secretário de deixar o assunto para ser resolvido entre a empresa e os camelôs, elo mais frágil nesse impasse. Queremos que o projeto da vereadora Fernanda que prevê que a renda do estacionamento seja revertida para a associação comandada pelo presidente Juliano, para apoiar os camelôs no pagamento dos alugueis e condomínios, seja aprovado, a fim de que se garanta a esses trabalhadores o direito de trabalhar e viver dignamente, sem a ameaça do despejo ao qual estão sendo submetidos agora.
Muito obrigada.