A favor da extinção do Senado*
Luciana Genro, deputada federal (PSOL/RS)
Mais uma vez, o Senado é palco de um grande escândalo. O voto secreto salvou Renan Calheiros da cassação, mas, mesmo assim, ele teve que sair da Presidência do Senado. Agora, é a vez de José Sarney.
Mas quem é Sarney? Um verdadeiro coronel do Nordeste, que apoiou e governou com a ditadura militar, cuja família governa o Maranhão há décadas e, não casualmente, ele é o estado mais pobre do País! Um senador eleito por um estado no qual nem reside, o Amapá!
Quantas denúncias de corrupção e desmandos já foram caladas no Maranhão pela truculência desta oligarquia. Agora, são os atos secretos do Senado, promovidos pelos funcionários que sempre foram leais a José Sarney, presidente do Senado pela terceira vez.
É evidente que as nomeações escandalosas dos parentes do senador foram feitas a pedido dele, usando seu prestígio, em troca de favores. É evidente que ele tem responsabilidade sobre os atos secretos.
Sarney não tem condições políticas e morais de continuar à frente do Senado. Essa casa legislativa está totalmente desmoralizada e, a continuar presidida por alguém que cometeu tal quantidade de abusos, só demonstra que está “se lixando para a opinião pública”.
O Senado deveria mesmo ser extinto, pois a democracia representativa não necessita de duas casas legislativas. E o Senado hoje nada mais é do que um antro de privilégios, ilegalidades e desmandos.
Sou a favor da extinção do Senado, por um parlamento unicameral. Mas enquanto não chegamos neste patamar de debate, o mínimo que se pode oferecer à população indignada é a saída imediata do senador José Sarney da sua presidência.
*Publicado originalmente na edição de 26 de junho de 2009 pelo jornal O Dia