Troca de e-mails comprova participação de marido da governadora em caixa-dois
Troca de e-mails comprova participação de marido da governadora em caixa-dois

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Crédito: Hugo Scotte

Crédito: Hugo Scotte

Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 11, a deputada federal Luciana Genro, o presidente estadual do PSOL, Roberto Robaina, e os vereadores de Porto Alegre Pedro Ruas e Fernanda Melchionna repercutiram a reportagem da última edição da revista Veja, que corrobora o que as lideranças já haviam revelado em outra entrevista, em fevereiro: a existência de graves irregularidades na campanha e no governo de Yeda Crusius. “Para o PSOL, essa situação não é nova. Desde o ano passado, com a CPI do Detran e a revelação de gravações de conversas entre o vice-governador, Paulo Feijó, e o então secretário da Casa Civil, Cezar Busatto, estamos acompanhando os fatos”, disse Robaina.

Ruas completou que aqueles escândalos já seriam suficientes para justificar um processo de impeachment contra a governadora, mas além disso surgiu ainda a compra de uma mansão, junto com sinais exteriores de riqueza, incompatível aos rendimentos de uma deputada, cargo que Yeda exercia anteriormente. Um pedido de impeachment foi protocolado pelo PSOL na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul em 10 de junho de 2008.

Em 19 de fevereiro, diante da morte misteriosa do ex-representante do governo do Estado em Brasília, Marcelo Cavalcante, Luciana, Robaina e Ruas convocaram a imprensa para revelar as informações agora confirmadas por Veja, sendo que a publicação traz revelações da viúva do assessor, Magda Koegnikan. “Ela deu declarações importantíssimas, revelando que o marido de Yeda pegou R$ 400 mil e usou na compra de sua casa, entregando por fora do contrato”, apontou Ruas. Em entrevista ao jornal Zero Hora de hoje, Carlos Crusius, marido da governadora, nega ter intermediado qualquer doação.

Porém, conversas via e-mail às quais o PSOL teve acesso mostram que Crusius teve, sim, participação em arrecadação de recursos financeiros para a campanha eleitoral de 2006. Uma delas mostra um diálogo entre uma fonte e o diretor da construtora Odebrecht Alexandrino Alencar, combinando a entrega de uma “encomenda”, que poderia ser entregue a Antonio Mucci (dirigente do PSDB paulista) ou depósito em “CC” (conta corrente). Por fim, fica combinado que “deverá ser feito hoje com o marido”. Outra troca de e-mails é entre o dirigente do PSDB em Rio Grande Juarez Molinari e o presidente da Federasul, José Paulo Cairoli. Molinari pede auxílio financeiro para o segundo turno da campanha. As empresas não constam como doadoras oficiais da campanha.

O PSOL vai entregar as cópias desses diálogos à procuradora-geral de Justiça, Simone Mariano da Rocha, e ao procurador-geral do Ministério Público de Contas, Geraldo da Camino. Amanhã, 12, Luciana, Robaina, Ruas e Fernanda terão audiência com o procurador-geral do Ministério Público Especial junto ao Tribunal de Contas, Geraldo Da Camino, para pedir que esses documentos sejam anexados às investigações em curso sobre a conduta do governo.