Mesmo sob chuva intensa, cerca de três mil professores, estudantes e servidores públicos fizeram caminhada de protesto contra o governo Yeda Crusius na manhã desta quinta-feira, 14, no centro de Porto Alegre. O ato, organizado pelo Cpers – Sindicato dos Professores Estaduais do Rio Grande do Sul, pelo Fórum dos Servidores Públicos do Estado e pelos estudantes caras-pintadas, pediu o impeachment da governadora.
A caminhada iniciou às 10h30min, na Casa do Gaúcho, no Parque da Harmonia, e seguiu pelas avenidas Loureiro da Silva e Borges de Medeiros, até a Jerônimo Coelho. Acompanhados de guarda-chuvas, os manifestavam entoavam palavras de ordem que pediam a saída imediata de Yeda: “Yeda no Xadrez”, “Fora Yeda”, “Ei, Yeda, pede pra sair”. Em frente ao prédio do Ministério Público Estadual, na Praça da Matriz, cobraram que as denúncias de corrupção fossem apuradas e que as provas viessem a público.
De lá seguiram para a frente do Palácio Piratini, sede do governo, onde a presidente do Cpers, Rejane Oliveira, avisou que o movimento “não vai descansar enquanto o impeachment não acontecer”. Lembrando que as denúncias de corrupção já vinham sendo feitas há meses pelos movimentos sociais, ela afirmou: “Hoje, nós vemos as provas, e elas mostram que essa governadora, de fato, não tem condições de estar à frente do Rio Grande. Ela envergonha a história do nosso estado, e se continuar dentro do palácio vai atrapalhar as investigações. Ela precisa sair já!”
Representantes das centrais sindicais e dos partidos políticos presentes no ato também se pronunciaram. A vereadora Fernanda Melchionna falou pelo PSOL e lembrou que, quando o edil Pedro Ruas e a deputada federal Luciana Genro denunciaram a corrupção, “a governadora nos chamou de bêbados e loucos, mas agora a casa dela tá caindo, porque a cada dia são mais denúncias”. Fernanda cobrou atitudes mais enérgicas dos deputados estaduais para o encaminhamento do pedido de impeachment feito pelo PSOL no ano passado.
Caras-pintadas ocupam Assembleia
Enquanto os partidos e centrais sindicais faziam pronunciamentos pedindo o impeachment de Yeda, em frente ao Piratini, os caras-pintadas ocuparam o saguão da Assembleia Legislativa e estenderam numa das janelas do prédio uma faixa de dez metros, com a palavra “impeachment” em letras garrafais. Os estudantes permaneceram no saguão até serem recebidos pelo presidente da Casa, deputado Ivar Pavan.
Rodolfo Mohr, um dos líderes do movimento, cobrou acessibilidade aos deputados. “Se esses estudantes não forem ouvidos, esta Casa vai afundar, e os deputados vão pagar o preço de ser coniventes com a bandalheira instituída no Palácio. Aqui, estão os que não se cansam de lutar, que estavam na chuva até agora, quando poderiam estar em suas salas de aula, abrindo mão de mais um dia de suas vidas para defender nosso Estado”, afirmou.
Pavan disse que o pedido de impeachment protocolado ano passado pelo PSOL na Assembleia está na Comissão de Constituição e Justiça, cujo relator é Paulo Odone, da bancada governista. Pavan sugeriu que se faça uma comitiva para conversar com Odone, e Rodolfo defendeu que representantes do movimento façam parte do grupo.
por Lara Nasi