Na semana passada, analisamos como o poder econômico influenciou a disputa para deputado federal no Rio Grande do Sul. Na edição desta semana, ampliamos essa análise para todo o Brasil, destacando importantes participações do PSOL na disputa eleitoral de 3 de outubro, em diversos cargos e estados.
Boa leitura!
Como seriam as eleições sem o poder econômico? (2) – Análise Nacional
As eleições no Brasil são um jogo desigual, onde candidatos ligados aos interesses do poder econômico recebem doações para a campanha que desequilibram a disputa. Tais recursos permitem a contratação de centenas de cabos eleitorais, carros de som, milhares de placas, faixas e bandeiras, além de materiais impressos de qualidade, produções de TV e muitos “marqueteiros”. Isso sem falar no tempo desigual na TV e outras mídias, na constante liberação de verbas das chamadas “emendas parlamentares” para os candidatos ligados ao governo, dentre muitos outros fatores.
Nestas eleições, os candidatos do PSOL mostraram a sua diferença em relação aos demais partidos, obtendo grande quantidade de votos mesmo não se entregando às tentações do poder econômico, que muitas vezes depois cobram a fatura do candidato eleito, às custas do povo. Muitos dos que se entregam terminam por ceder às vontades do capital, especialmente o financeiro, implementando política econômica que privilegia o pagamento da dívida pública em detrimento das áreas sociais, como no caso dos últimos presidentes eleitos.
Mesmo mantendo a sua independência, o PSOL conseguiu eleger dois senadores, três deputados federais e quatro estaduais.
Uma forma de visualisarmos como seriam as eleições sem a influência do poder econômico é calcular quantos votos cada candidato obteve para cada real declarado de receitas, na segunda parcial da prestação de contas, entregue no início de setembro.
Nas eleições presidenciais, por exemplo, a influência do poder econômico é claríssima: enquanto os três candidatos mais bem colocados nas pesquisas (que receberam vários milhões em doações, boa parte vinda de bancos) obtiveram menos de dois votos por real arrecadado, o candidato Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) recebeu nada menos que 19,12 votos, ou seja, foi o verdadeiro vencedor da eleição.
No caso da disputa ao governo do Distrito Federal, o mesmo ocorre: enquanto os candidatos Agnelo Queiroz e Roriz obtiveram menos de 0,4 votos por real arrecadado, o candidato Toninho do PSOL obteve nada menos que 8,67 votos, ou seja, 21 vezes mais que seus adversários. Caso a eleição se desse nessas bases, Toninho seria eleito governador do DF no primeiro turno.
No caso da disputa ao Senado no estado do Amapá, por exemplo, o candidato eleito do PSOL, Randolfe, obteve três votos para cada real de receitas, enquanto outros candidatos obtiveram menos de um décimo disso, ou seja, apenas 0,26 voto por real de receitas. Isso é: utilizaram recursos enormes e ainda assim obtiveram menos votos.
Na disputa para o Senado no Pará, a candidata eleita Marinor (PSOL) obteve nada menos que 18,43 votos a cada real arrecadado, enquanto outros candidatos apenas obtiveram quatro votos, sendo que Jader Barbalho obteve apenas 0,76 voto.
No caso da disputa para o Senado em Alagoas, enquanto Renan Calheiros obteve somente 0,73 voto por real declarado de receitas e Benedito Lira dois votos, Heloísa Helena (PSOL) obteve nada menos que 29 votos a cada real de receita. Ou seja: nesses termos, Heloísa seria, de longe, a senadora mais votada do Estado.
Na eleição para deputado federal no Rio de Janeiro, Chico Alencar (PSOL) foi o segundo mais votado, e ainda teria ficado em primeiro lugar disparado caso o critério da eleição fosse o número de votos/receita.
No caso do Senado no Rio de Janeiro, o candidato do PSOL, Milton Temer, foi o grande “campeão moral” da disputa, tendo obtido 19 votos a cada real arrecadado, enquanto Lindberg Faria obteve apenas um e Crivella apenas 5,61.
Finalmente, no caso da eleição para deputado federal no Rio Grande do Sul, Luciana Genro também superou todos os candidatos eleitos no quesito “votos/receitas”, somente empatando com ex-goleiro do Grêmio Danrlei, pois este já era amplamente conhecido, uma celebridade. Sem a influência do poder econômico, Luciana teria mais que o quádruplo dos votos da maioria dos candidatos eleitos.
Portanto, o PSOL continua firme na luta, consciente de que cumpriu seu dever, de se manter fiel às demandas dos trabalhadores, aposentados, estudantes, sem se entregar às tentações do poder, às quais muitos não resistiram e terminaram por trair a classe trabalhadora em diversas votações do Congresso Nacional.