Confira o pronunciamento realizado pela vereadora Fernanda Melchionna nesta segunda-feira, 4, na tribuna da Câmara Municipal de Porto Alegre:
Não poderia me furtar – em nome da Liderança do PSOL – de fazer um balanço desse período eleitoral e uma homenagem devida nesta tribuna.
O primeiro balanço, necessário de ser feito, foi que a eleição de 2010 demonstrou que, neste país, a política-business – ou seja, na transformação da política em uma arte de marqueteiros, das grandes máquinas eleitorais, da tradução de imagens, muito mais do que o debate de conteúdo – ficou marcada no resultado dessas eleições, transformadas em um verdadeiro negócio com os grandes marqueteiros que ganham milhões e milhões de reais para ver o que o povo quer e fazer com que os políticos façam discurso e promessas, aliás, muitos
“promessômetros” por aí, através daquilo que o povo precisa.
Eu queria dizer que, neste país, no qual supostamente está tudo muito bem; neste país que assistimos nas propagandas cor-de-rosa e azul do cenário eleitoral, que parece não ter problemas na saúde, na educação, no acesso ao trabalho, no país das maravilhas; elege-se, com um milhão e 200 mil votos, um Tiririca, a expressão da palhaçada ou a expressão do
ceticismo de um setor do povo com a política tradicional ou com as negociatas feitas na Câmara e no Congresso. Mesmo com essa expressão de ceticismo, de ver que, além de se elegerem pessoas que não têm nenhum compromisso com a classe trabalhadora, ainda com esse festival de votos, levam, junto, na cola, “mensaleiros” do nosso país.
Eu queria falar aos companheiros e companheiras, sobretudo para a população que nos assiste, que o nosso partido – que surgiu para ser uma alternativa – cresceu no processo eleitoral. Nós conseguimos, a partir da nossa força, do trabalho sério do Marcelo Freixo, do Chico Alencar, nos fortalecer nacionalmente como alternativa coerente,
inclusive, das bancadas no Senado e na Câmara Federal. O meu orgulho de ver na expressão do Pedro Ruas uma alternativa coerente na campanha do governo do Estado, mostrando propostas para os nossos trabalhadores, e
na expressiva votação do nosso presidente estadual, Roberto Robaina, um alento para aqueles que denunciaram a corrupção e lutaram pelos direitos da classe trabalhadora.
E queria agradecer, com muito orgulho, os 130 mil votos da nossa querida Luciana Genro. Os 130 mil votos, marca daqueles e daquelas que não se renderam, e não se venderam, e que, para mim, é um exemplo de deputada que sempre esteve no campo de batalha, que foi coerente, quando o governo era do Olívio Dutra, para apoiar a luta dos professores; que foi coerente na luta contra as privatizações do nosso Estado; que foi coerente, quando o governo quis atacar a Reforma da Previdência, que ela aprendeu, naquele partido, que era ruim, que atacava direitos, que ampliar tempo de contribuição era nefasto para a classe trabalhadora neste país.
Em 2003 ela manteve a mesma posição, pois aprendeu a vida inteira. Ela que foi um exemplo na luta para queos banqueiros e os bancos paguem mais impostos neste país e se desonere a classe trabalhadora, a assalariada. Foi um exemplo na luta contra a corrupção em qualquer esfera, porque não adianta a “ética do Mampituba”, de que do Rio Grande do Sul para cima não se fala de corrupção, do Rio Grande do Sul para baixo se fala, ou ao contrário. Temos que ser coerentes nos passos, na trajetória e naquilo que se defende.
Eu queria fazer a minha homenagem, o agradecimento aos 130 mil votos, e dizer da injustiça que é, e da falta que faz na Câmara Federal uma deputada como a nossa aguerrida Luciana Genro, que seguirá no campo de batalha pelo fim do fator previdenciário, pelo reajuste dos aposentados vinculados ao mínimo, no combate à corrupção, e na defesa do sistema tributário mais justo.
Eu queria terminar citando Darcy Ribeiro que disse: “Das lutas que eu fiz, a maioria eu perdi, mas nunca, em nenhum minuto da minha vida, eu queria estar do lado daqueles que ganharam.”
Fernanda Melchionna