Sindicato critica excesso de CCs na Procempa
Sindppd aponta que servidores de carreira são minoria
Fernanda Bastos
A diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados no Rio Grande do Sul (Sindppd-RS), Vera Guasso, utilizou ontem à tarde a Tribuna Popular da Câmara Municipal para denunciar o excesso de cargos em comissão (CCs) no quadro da Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre (Procempa).
Vera reclama que mais da metade dos funcionários em atuação na Procempa hoje não são concursados. E reivindica a realização de concurso público, que não é feito há 11 anos na autarquia. “Nossa empresa trabalha com a necessidade de um quadro qualificado que deveria ser constantemente renovado”, aponta.
As afirmações da diretora do Sindppd-RS são baseadas em análise do Relatório de Gestão – Prêmio Qualidade RS 2010, da Procempa. De acordo com Vera, o documento mostra que dos 586 colaboradores da autarquia, apenas 256 são servidores de carreira – cerca de 41%.
O restante do quadro seria composto por funcionários que não prestaram concurso público: 134 estagiários, 52 CCs e 144 integrantes de empresas terceirizadas.
Vera aponta que nos últimos seis anos houve um incremento nas vagas de CCs, que teriam subido de 15 para 52. A diretora do Sindppd relata que os CCs da Procempa exercem funções técnicas e recebem salários mais altos.
A dirigente também criticou as nomeações políticas. “A Procempa tem de parar de ser cabide de empregos”, afirmou da tribuna da Câmara. Ela mencionou ainda que José Carlos Brack (ex-presidente do PTB, que deixou um cargo em comissão na Procempa após ser indiciado no caso Eliseu Santos) nem era conhecido pelos funcionários.
A direção da Procempa, por meio de sua assessoria de imprensa, diz que o documento utilizado pelo Sindppd é sigiloso e traz informações do período em que foi gerado – “retrato daquele dia” -, que podem ser diferentes hoje.
Não contesta as informações, mas a forma como o sindicato as avalia. Observa que o número de CCs subiu de 34, em 2004, para 52 atualmente, em decorrência do desenvolvimento da empresa. Os terceirizados seriam 60.
A assessoria argumenta que, embora o último concurso público tenha sido realizado em 1999, os servidores foram chamados até 2005. E informa ainda que está prevista para o próximo ano a realização de concurso para a autarquia, mas o número de vagas ainda não foi definido.
Vereadores defendem quadro de concursados
A manifestação da diretora do Sindppd, Vera Guasso, sobre o quadro da Procempa repercutiu em plenário durante a sessão de ontem da Câmara Municipal. O líder da oposição, vereador Pedro Ruas (P-Sol), disse que os dados apresentados por Vera são “alarmantes e inaceitáveis”. Airto Ferronato (PSB) argumentou que os servidores devem ser os principais colaboradores da autarquia. “Não podemos admitir que tenham muito mais outros servidores do que concursados”, comentou.
O vereador Nilo Santos (PTB) defendeu o trabalho da prefeitura na Procempa, negando que a autarquia seja usada para suporte político. Para o líder do governo na Câmara, vereador Antônio Dib (PP), a exposição da dirigente teve caráter político.