Mantega defende menor crescimento para evitar desequilíbrio econômico
Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira (14) que a equipe econômica até sonha crescer como a China, mas ressaltou que o importante, neste momento, é seguir devagar para não atropelar o crescimento sustentável do país. Segundo ele, a virtude do Brasil agora é ter crescimento com equilíbrio para gradualmente elevar o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país).
Ao participar de audiência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida Pública, Mantega disse que um crescimento de 10% ou 12% geraria desequilíbrio e seria preciso impedir que o crescimento prosseguisse nesse ritmo. Para ele, é melhor crescer menos, “mas crescer bastante”.
Dentro dessa perspectiva, o ministro considera que um patamar entre 5% e 5,5%.é satisfatório para a economia brasileira. “Gradualmente, poderemos aumentar e nos aproximarmos de outros países”. Há um consenso de que a equipe econômica deve tomar medidas para “calibrar” o crescimento da economia brasileira e evitar, com isso, um aumento da inflação, o que levaria o Banco Central (BC) a elevar os juros para conter os índices de preços.
Técnicos do Ministério da Fazenda admitem que estão sendo realizados estudos nesse sentido, mas ainda não se sabe quando essas medidas serão anunciadas. Nesta semana, o BC divulgou dados do boletim Focus, pesquisa semanal com investidores e analistas do mercado, indicando perspectiva de inflação de 5,29%, e não mais de 5,18%, como se estimava há duas semanas.
O ministro informou que não cogita permanecer no governo a partir do próximo ano. “O futuro a Deus pertence, e a minha nomeação se encerra no final deste ano”. Mantega sugeriu ao próximo ministro da Fazenda que dê continuidade à atual política econômica, que, segundo ele, vem dando certo e dependeu de melhorias que outros governos fizeram. “Devem continuar nesta trajetória. Nós encontramos a rota do desenvolvimento econômico e social no Brasil”, afirmou.
Mantega negou que o governo tenha dificultado o acesso às informações sobre o endividamento público no Brasil, como chegou a ser mencionado durante a audiência pelo deputado Ivan Valente (P-SOL-SP). “Não foi por falta de nossa cooperação. Todos os requerimentos que vieram à minha mão, eu dei encaminhamento, quando havia sigilo bancário, ou coisa assim. Estou à disposição para qualquer solicitação. Queremos ser o mais transparentes possível”, afirmou.