“Mudanças profundas são fundamentais para que se possa acabar com a impunidade”
A deputada Luciana Genro retomou, nesta quarta-feira, 9, a suas atividades na Câmara Federal, após quatro meses licenciada. Em discurso no Plenário, ela falou da luta contra a corrupção, que há meses é feita no Rio Grande do Sul, contra o governo de Yeda Crusius, e há duas semanas no Distrito Federal, contra José Roberto Arruda e Paulo Octávio. “Os escândalos do RS e do DF se somam a outros tantos. A corrupção é uma verdadeira epidemia. Sabemos que acabar com ela é praticamente impossível, mas é possível acabar com a impunidade.”
Leia a íntegra do discurso de Luciana Genro:
“Sr. presidente, sras. e srs. deputados, sras. e srs. que assistem a esta sessão, é com muita satisfação que retorno a esta tribuna.
Hoje é o Dia Mundial de Luta contra a Corrupção e, assim que desembarquei do avião que me trouxe de Porto Alegre, fui participar do ato contra a corrupção no Distrito Federal. O governador Arruda e diversos deputados distritais são protagonistas de um dos maiores escândalos que já atingiu esta unidade federativa.
Vim somente na quarta-feira, e não ontem, porque estava em Porto Alegre, junto com o presidente estadual do PSOL Roberto Robaina e o vereador Pedro Ruas, fazendo mais uma denúncia de corrupção no governo Yeda Crusius. Há mais uma casa suspeita na família Crusius e informações que comprovam indiscutivelmente a existência de caixa-dois na campanha eleitoral de 2006 da governadora. Essas informações, aliás, foram trazidas e confirmadas pelo próprio vice-governador.
Os escândalos do Rio Grande do Sul e do Distrito Federal se somam a outros tantos que já aconteceram ou que estão acontecendo neste momento no país. A corrupção é uma verdadeira epidemia. Sabemos que acabar com ela é praticamente impossível, mas é possível acabar com a impunidade.
A impunidade é o que garante a sensação de segurança para que corruptos ajam travestidos de agentes públicos e saqueiem os cofres da União, como estamos vendo acontecer no Rio Grande do Sul, no governo Yeda Crusius, e aqui no Distrito Federal, no governo Arruda.
O PSOL, que se tem colocado na linha de frente da luta contra a corrupção, saúda este Dia Mundial de Luta contra a Corrupção, alertando que as instituições da República brasileira estão apodrecidas e cada vez mais a população está descrente da possibilidade de se fazer política honestamente, sem se vender, defendendo o interesse público.
Nós acreditamos que é possível e, por isso, não vamos desistir. Nem no Rio Grande do Sul nem no Distrito Federal nem em nenhuma parte deste Brasil vamos desistir da luta contra a corrupção. E temos a convicção de que mudanças profundas são fundamentais para que se possa acabar com a impunidade, porque as instituições apodrecidas não estão mais sujeitas a reformas apenas paliativas.
É preciso uma transformação profunda, acabar com o foro privilegiado, com as manobras protelatórias que levam às prescrições dos crimes de colarinho branco. É preciso que os mandatos sejam revogáveis, é preciso acabar com o voto secreto neste Plenário. É preciso que tenhamos mecanismos reais de participação popular para que as promessas de campanha eleitoral não sejam grandes farsas que na vida real nunca se concretizam.
Essa é a luta que o PSOL vai travar, porque nós sabemos que o dinheiro que vai para a corrupção é o dinheiro que falta para a saúde, para a educação, para o desenvolvimento econômico, para aquilo que realmente é necessário ao nosso povo. E o nosso povo não merece os políticos que têm.
Muito obrigada.”