A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) está cobrando da Secretaria Estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia, por meio de um ofício, esclarecimentos sobre a situação crítica enfrentada pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs). O documento reúne uma série de preocupações relacionadas ao déficit de servidores, à demora na realização de concursos públicos e às limitações orçamentárias que vêm comprometendo o funcionamento da instituição.
A deputada vem acompanhando de perto a situação da Uergs, já tendo garantido emendas parlamentares para a instituição nos últimos três anos. Para o ano de 2026, serão R$ 50 mil para apoio à realização e participação em eventos acadêmicos e institucionais. Em 2025, R$ 100 mil foram destinados para o custeio de bolsas de extensão, beneficiando projetos em todo o Rio Grande do Sul. Luciana Genro também homenageou os 24 anos da Uergs em seu discurso do Grande Expediente em junho deste ano, além de manter diálogo permanente com estudantes e professores sobre a universidade.
“A Uergs é muito importante para a educação do nosso estado, mas infelizmente enfrenta déficits históricos de pessoal e de infraestrutura, o que prejudica professores, funcionários e alunos. Vamos seguir cobrando do governo para que esse cenário mude e a universidade seja valorizada como merece”, afirma a deputada.
Segundo informações divulgadas pela imprensa e confirmadas pela própria universidade, a Uergs opera hoje com pouco mais de 40% do quadro de pessoal previsto em seu plano de carreira. Embora esteja presente em 23 municípios e atenda aproximadamente 4,3 mil estudantes, a universidade conta com apenas 252 professores e 166 técnicos-administrativos, número muito inferior às 600 vagas docentes e 390 vagas técnicas estabelecidas como necessárias.
A falta de pessoal tem provocado oferta irregular de disciplinas, tanto na Capital quanto no Interior, gerando atrasos na formação dos estudantes e abandono de cursos. Há também relatos de sobrecarga entre os docentes, que vêm assumindo um volume excessivo de disciplinas, resultando em adoecimento e afastamentos, agravando ainda mais o cenário.
A deputada destaca ainda a morosidade na realização dos concursos autorizados pelo governo em 2022, que previam 52 vagas — 25 para docentes e 27 para técnicos. Três anos depois, nenhum dos processos destinados ao corpo docente foi concluído. No caso do concurso para técnicos realizado em 2024, aprovados relataram que suas contratações teriam sido negadas pelo Estado, sem justificativa pública.
Outro ponto central é o déficit orçamentário. Enquanto o planejamento da universidade indica que seriam necessários cerca de R$ 191 milhões para 2026, o teto definido pelo governo ficaria em torno de R$ 142 milhões, criando um descompasso que ameaça o custeio das atividades e a qualidade acadêmica.
Diante desse quadro, Luciana Genro solicita à Secretaria, com base na Lei de Acesso à Informação, respostas sobre as ações imediatas para recompor o quadro de docentes e técnicos; a situação atual dos concursos autorizados em 2022, com etapas concluídas, pendências e justificativas para o atraso; os motivos da não contratação dos aprovados no concurso para técnicos de 2024 e a previsão para nomeações;
as medidas adotadas para lidar com a insuficiência orçamentária; e as providências para garantir a regularidade da oferta de disciplinas e evitar prejuízos aos estudantes.
Luciana Genro reforça que a crise da Uergs “não é apenas administrativa, mas afeta diretamente a vida acadêmica, o futuro de milhares de estudantes e a presença do ensino superior público no interior do estado”. A parlamentar aguarda retorno oficial da Secretaria e segue acompanhando o tema na Assembleia Legislativa.