Cibelle, Mariana e Rogério foram ao gabinete de Luciana Genro.
Cibelle, Mariana e Rogério foram ao gabinete de Luciana Genro.

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Há sete anos, a jovem Isadora Viana Costa, de 22 anos, foi para Imbituba (SC) passar seu aniversário com o namorado, Paulo Odilon Xisto Filho. Moradora de Santa Maria, ela nunca mais retornou para sua cidade natal e para sua família. Agora, o homem acusado de ter provocado sua morte vai a júri e a família busca justiça, visibilidade e preservação da memória. Foi neste sentido que os pais e a irmã gêmea de Isadora se reuniram com a deputada Luciana Genro (PSOL) poucos dias antes do julgamento.

Além da tragédia de Isadora ter sido vítima de feminicídio, a família ainda precisou lidar com perseguições e difamações atribuídas a familiares do réu, que é influente em Imbituba. Paulo Odilon Xisto Filho atualmente responde ao processo em liberdade, uma raridade em casos de feminicídio, que é a acusação que ele enfrenta. Uma página foi criada em apoio a ele e a família dele “fez horrores” para os familiares e a memória de Isadora.

“Isadora não será esquecida. O caso dela é emblemático e a condenação do réu, caso ocorra, pode se tornar um marco no combate aos feminicídios, justamente por ele ser influente e ter dinheiro. É preciso mostrar que feminicídio não tem classe social e que quem comete um crime como esse não pode sair impune, não importa quem seja”, afirmou Luciana Genro após o encontro com a família.

No ano passado, quando a sala da Procuradoria Especial da Mulher em Santa Maria foi nomeada em homenagem a Isadora, familiares de Paulo Odilon foram no gabinete dos vereadores negar que ele havia cometido o crime. “A versão dele é que a Isa teria morrido de overdose acidental, o que não é condizente com a causa da morte, que foi trauma abdominal, conforme atestado pelo médico legista”, explica o pai de Isadora, Rogério Froner Costa.

Até mesmo pessoas que seguem a página em apoio a Isadora foram ameaçadas, segundo a irmã gêmea dela, Mariana. A mãe, Cibelle Viana Costa, conta que ela era militante, feminista e envolvida em causas sociais. “Com certeza ela teria seguido nessa trajetória”, lamenta. Mariana completou 29 anos este ano e recentemente se tornou Mestra em Bioquímica, dando orgulho para os pais. Infelizmente, eles nunca saberão quais conquistas Isadora poderia ter alcançado se permanecesse aqui.

A demora no julgamento, marcado para os dias 3 e 4 de setembro em Imbituba, também causa angústia. “Há sete anos e meio estão matando ela”, colocou Rogério. Agora, a família espera que a justiça, embora tenha tardado, não falhe.