Por proposição da deputada Luciana Genro (PSOL), moradoras da Vila São Miguel, no Morro da Polícia, denunciaram à Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH) da Assembleia Legislativa o fechamento da Unidade Básica de Saúde (UBS) da comunidade. A Comissão irá oficiar a Prefeitura questionando a respeito do fechamento, que ocorreu sem aviso prévio e sem consulta aos moradores.
“As dificuldades de acesso dessa comunidade, que já eram grandes, ficaram ainda maiores, com os moradores tendo que se deslocar até o Campo da Tuca ou o Morro da Cruz, sendo que há pouca oferta de transporte da região”, introduziu Luciana Genro. As moradoras informaram que faz aproximadamente um ano que houve o fechamento.
Como a Vila São Miguel fica em cima do Morro da Polícia, no bairro Aparício Borges, há a necessidade de descer até o Campo da Tuca para utilizar o posto de saúde, um trajeto longo, íngreme e com poucas opções de transporte público.
“O que nós queremos é respeito a essas mulheres e essas famílias. Quando se tira, sem aviso prévio, um posto que existe para facilitar o acesso à saúde, o que estão dizendo pra gente é: o que vocês precisam pouco importa”, colocou a moradora Neriane Lânius. Ela também relatou que a comunidade “já tem muito pouco”, convivendo com a falta de escola, creche, transporte adequado e asfalto.
“A única coisa que a gente tinha era saúde, e tiraram de nós o posto. Temos crianças autistas, pessoas com deficiência, acamadas, que não têm condições de descer até o Morro da Tuca. Então a unidade poderia subir para examinar as pessoas pelo menos, mas não fazem isso”, complementou Suellen Weican, que fez um abaixo-assinado com os moradores para pedir a reabertura do posto. Também compareceram à Comissão as moradoras Maiara Caroline Prestes da Silva e Luciane de Jesus de Freitas Maciel.
Luciana Genro destacou a importância do abaixo-assinado e da mobilização da comunidade para exigir seus direitos. “Sabemos que o diálogo com a prefeitura é muito difícil, o governo Melo não tem prestado atenção às comunidades periféricas. Inclusive, das 14 UBSs fechadas devido às enchentes em Porto Alegre, 12 ainda não reabriram, o que demonstra esse descaso. É muito importante vocês terem vindo aqui dizer que essa comunidade que está esquecida não aceita mais ficar esquecida e vai se fazer ser vista pelas autoridades”, ressaltou.