A deputada estadual Luciana Genro e o vereador Roberto Robaina, ambos do PSOL, promoveram uma reunião na Câmara Municipal de Porto Alegre com protetores, protetoras e ONGs para discutir a situação dos animais resgatados e abrigados na cidade.
Os animais também foram vítimas da tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul. Atualmente, cerca de 15 mil deles vivem em abrigos em todo o estado após serem resgatados das enchentes, sendo Porto Alegre uma das duas cidades com maior número de animais nessas condições. As pessoas que trabalham nesses locais, seja de forma voluntária ou remunerada, têm procurado a deputada Luciana Genro com demandas, denúncias e problemas enfrentados nos abrigos.
Durante a reunião, os participantes puderam expor diversas demandas da causa animal e questões que precisam de solução imediata, como a falta de vacinação dos voluntários nos abrigos. Vitória, auxiliar de veterinária que trabalha em um abrigo no bairro Belém Novo, relatou que já foi mordida duas vezes e, quando foi ao posto de saúde, lhe negaram a vacina antirrábica. “Disseram que eu teria que ir até outro posto, mais distante e fazer uma avaliação pra determinar se realmente era necessária, só que de 24h do dia, 20h eu passo dentro do abrigo, não tem como”, explicou.
Além disso, os abrigos enfrentam diversas necessidades básicas não atendidas, como atrasos no pagamento das contas de luz e água, que são altas para manter os animais, bem como problemas relacionados ao aluguel dos espaços, assim como questões com os locais cedidos, que os proprietários querem voltar a utilizar.
Luisa Sigaran, do Abrigo do Gasômetro, mencionou que o custo é de cerca de R$ 10 mil por mês para manter o local, valor que é coberto diretamente pelos voluntários e que se tornou financeiramente inviável. Júlia, protetora independente do Abrigo Segura Minha Pata, usa sua própria casa para abrigar os animais resgatados e também enfrenta dificuldades financeiras.
“Nós precisamos urgentemente encontrar maneiras de garantir que o dinheiro chegue às pessoas. O que acontecerá com os R$ 6 milhões que seriam destinados àquele projeto equivocado do governo estadual? Esse dinheiro deve ser direcionado à causa animal. Do ponto de vista das políticas públicas, estamos começando do zero, então precisamos organizar isso”, enfatizou Luciana Genro.
Lúcia Luz, defensora da causa que junto à deputada construiu o site Abrigo Pet RS, cujo objetivo é conectar abrigos fixos e provisórios no Rio Grande do Sul a uma rede de apoio e recursos, criticou a omissão do poder público em relação ao problema. “A causa animal não é invisível. Todos sabem, todos veem, todos ligam pedindo ajuda. No entanto, o assunto é tratado com indiferença, como se não fosse um problema do governo”, lamentou.
O vereador Roberto Robaina reforçou a importância da organização entre protetoras, protetores e ONGs para fortalecer a luta. “É fundamental unir esforços para que nossa causa tenha impacto. Precisamos mobilizar, fazer barulho e pressionar a prefeitura”, declarou. Ele também propôs a criação de uma comissão entre os representantes da causa para levar essas demandas ao governo municipal.
Como encaminhamento final da reunião, Luciana Genro sugeriu agendar um encontro com a Procuradora de Justiça do Ministério Público do Rio Grande do Sul, Ana Marchesan, que está envolvida com pautas ambientais, para discutir medidas urgentes e o melhor caminho a seguir.