A deputada Luciana Genro e o vereador Roberto Robaina, ambos do PSOL, se reuniram com o ministro Extraordinário da Reconstrução, Paulo Pimenta, e abordaram a temática da moradia digna para gaúchos afetados pelas enchentes. Representantes da Ocupação Desabrigados da Enchente também participaram da reunião, na qual o ministro acolheu as demandas levadas e não descartou a possibilidade do governo adquirir o prédio do antigo hotel Arvoredo, onde fica a ocupação.
Ainda pela manhã, moradores da ocupação Desabrigados da Enchente estiveram na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, a convite da deputada Luciana Genro. A ocupação, formada por cerca de 40 famílias que perderam suas casas, está sofrendo constantes intimidações por parte da Brigada Militar. Por isso, os parlamentares procuraram o governo federal, pedindo que interfira para evitar o despejo e garantir a abertura de negociações.
Segundo os relatos dos moradores, a Brigada Militar está dia e noite em frente ao prédio, inclusive pedindo identidade dos ocupantes toda vez que eles saem e entram do local. “Temos que oficiar o Comando para questionar por que têm brigadianos lá. São trabalhadores que não oferecem nenhum risco, os policiais têm que ir pra áreas onde são necessários”, afirmou Luciana Genro.
Relatos dos moradores
“Além de todos os bens materiais, nós também perdemos os nossos sonhos, a esperança que nós tínhamos”, disse a jovem Maelia Alexandre, moradora da Ilha das Flores, que sonha em entrar na universidade. Todos os moradores presentes na reunião disseram que o local devolveu-lhes a dignidade que sentiam haver perdido após ter suas casas alagadas e morarem em abrigos. Segundo Liziane Pacheco Dutra, a ocupação virou “uma grande família”.
Alexsander Fernandes, mais conhecido como Alex da Banca, é morador da Ilha dos Marinheiros, também perdeu sua casa e agora mora na ocupação. “Há 12 anos o local estava desocupado e a empresa que é dona tem dívidas com o banco. O juiz nos deu ordem do despejo. A gente não sabe o que vai acontecer”, disse, sugerindo que o caso deles seja contemplado com o Minha Casa Minha Vida específico das enchentes.
“Minha família e a do meu esposo perdeu tudo e estávamos passando muita dificuldade nos abrigos. Agora, muitas pessoas estão agradecendo e dizendo que ali estão tendo dignidade, o cantinho deles”, apontou Jaqueline Paula da Rosa, presidente da associação de moradores. O marido dela, Carlos Eduardo, relatou que a BM está intimidando os moradores.
A Comissão, juntamente com a Frente Parlamentar de Moradia Digna, coordenada por Luciana Genro, também já oficiou a Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça solicitando que a Comissão de Conflitos Fundiários do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul interfira diante de decisão de reintegração de posse.