A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa promoveu audiência pública para tratar sobre a garantia do direito à educação das pessoas com deficiência. Integrante titular da Comissão, a deputada Luciana Genro (PSOL) cobrou que as políticas públicas existentes sejam cumpridas pelos órgãos públicos. Durante o debate, diversas mães de crianças neuroatípicas puderam falar sobre suas lutas e as dificuldades que ainda enfrentam para garantir aos seus filhos educação de qualidade e inclusiva. Além disso, representantes do Ministério Público e da Defensoria Pública estiveram presentes, mas nenhum representante do Estado apareceu, apesar de ter sido feito convite.
A Caravana pela Educação Inclusiva pretende fiscalizar o cumprimento das leis, além de promover uma cultura anti-capacitista que possa enfrentar as barreiras que ainda temos na nossa sociedade.
Uma das pautas mais reforçadas dentro do debate foi a necessidade de capacitações para os profissionais da educação e formações continuadas, como destacou Érika Rocha, presidente e fundadora do Projeto Social Angelina Luz: “precisamos continuar trabalhando em conscientização e em reformas de base, repensar o que é ensinado no curso de Pedagogia. É preciso existir uma base formada desde o Ensino Infantil para nos receber”, pontuou. Apesar da educação ser um direito garantido, crianças neuroatípicas e seus pais ainda enfrentam dificuldades com escolas que promovem um discurso inclusivo, mas na prática não realizam nenhuma forma de inclusão.
A representante da Associação de Familiares e Amigos de Pessoas com Autismo de Porto Alegre, Nara Pinheiro, ressaltou a falta de professores de Educação Física em escolas voltadas para crianças com deficiência, superdotadas e altas habilidades, além de outras atividades, que acabam sendo proporcionadas por projetos voluntários, como o que ela faz parte. “Nós estamos fazendo algo que era para as escolas estarem fazendo, a gente faz de forma voluntária e com carinho”, reforçou.
A deputada Luciana Genro destacou a importância da luta das mães nessa área: “nós temos visto essa luta crescer no último período, graças à persistência das mães, à fibra e à determinação em não desistir dos seus filhos e filhas. A gente sabe o quanto nossa sociedade é brutal e excludente com as pessoas menos privilegiados, economicamente e mais ainda com aquelas que apresentam alguma deficiência”. A parlamentar reforçou a importância da Caravana da Educação para mobilizar todos os setores envolvidos nessa pauta.
Maria Cristina Barbosa Schmitz, mãe de dois filhos, incluindo um menino autista de 10 anos, fez um relato emocionante sobre a sua luta para que o filho fosse diagnosticado e as dificuldades enfrentadas após o diagnóstico. “Eu não sei quanto tempo eu vou viver, eu tenho um problema de coração e depois que eu morrer o meu filho vai ficar como? Quem ele vai ser?”, declarou, reforçando que além das crianças, as mães também passam por muito sofrimento e que a educação é fundamental para garantir independência e a oportunidade das crianças terem um futuro.