A deputada Luciana Genro (PSOL) esteve em Santa Maria e se encontrou com Eneida Salete Santos, mãe de Gustavo Amaral, e o irmão dele, Guilherme Amaral, para conversar sobre o caso trágico da morte de Gustavo, a luta que vem sendo travada pelos familiares e a proposição da Lei das Câmeras nas fardas e viaturas policiais, que carrega o nome de Gustavo.
Gustavo Amaral, engenheiro eletricista, jovem e negro, foi morto em uma ação policial no dia 19 de abril de 2020, quando se deslocava para Marau, cerca de 292km de Santa Maria, sua cidade natal e onde vivia com a família. O engenheiro era chefe de uma equipe de eletricistas e dirigia o carro da empresa no dia do ocorrido. A equipe, durante o caminho, presenciou uma perseguição da Polícia Militar com suspeitos de roubo. Gustavo levou tiros da PM por ser confundido com o suspeito do crime e por ter seu celular confundido com uma arma.
O projeto 211/2020, que atualmente se encontra pronto para ser votado pelos deputados na Assembleia Legislativa, determina a colocação de câmeras em uniformes e viaturas policiais, assim como aparelhos de GPS. Essa medida tem mostrado resultados positivos nos locais onde já começou a ser aplicada, como em São Paulo, onde nos primeiros dois meses de uso das câmeras, houve apenas uma morte em ações policiais dos batalhões que participam do projeto. Em comparação, os batalhões que não usam câmeras foram responsáveis por 45 mortes. Agentes da segurança pública que apoiam a proposta defendem que as gravações também protegem os próprios policiais de acusações injustas e podem ajudar a identificar criminosos.
Querido pelos colegas, Gustavo batalhou muito para que chegasse ao posto de chefe na empresa que trabalhava. Eneida Salete, mãe, relatou durante o encontro que Gustavo era muito estudioso, gostava de engenharia e almejava muito a alçada para o cargo de chefia: “Após um ano de empresa ele realizou o sonho de ser chefe. Virava noite estudando quando estava na universidade, eu fazia lanche pra ele e para os colegas estudarem, lembro das provas de matemática que eles estudavam em grupo. Daí depois de realizar o sonho aconteceu essa tragédia, justamente a caminho para o trabalho”, relembrou a mãe.
O engenheiro, formado na Universidade Federal de Santa Maria, é irmão gêmeo de Guilherme Amaral, também formado em Engenharia Elétrica pela UFSM. Desde a tragédia, a família tem travado uma batalha para que se reverta a decisão tomada pela investigação da polícia e do Ministério Público, de que o caso se enquadra em “legítima defesa imaginária”. Os pais e os irmãos, juntos de ativistas e militantes da campanha Justiça Para Gustavo Amaral, realizaram perícia independente do caso.
No dia 16 de dezembro, completa-se 1 ano da morte da líder comunitária Jane, moradora da Cruzeiro que morreu após um mal súbito. A versão da Polícia Militar, que cumpria ordem de busca de drogas, é de que a líder comunitária teve um mal súbito após cair da escada. Já a versão de familiares e testemunhas é de que a Polícia Militar agiu com truculência e levou Jane a ter o mal súbito. “O uso de câmeras poderia fornecer justiça da forma correta para mais esse caso da morte de uma mulher negra na periferia, ajudando nas investigações”, afirmou Luciana, proponente do PL 211/2020.
Familiares de Gustavo afirmaram o apoio ao projeto e que estão buscando apoio na cidade, com moradores e mídia local. “Eu sou a favor do uso das câmeras, tenho certeza que outras mães vão sentir mais segurança quando seus filhos forem trabalhar ou estudar”, afirmou Eneida, mãe de Gustavo.
A campanha para apoiar o Projeto de Lei segue até a votação e pode ser acessada através do link: https://leidascameras.lucianagenro.com.br/