Coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Tradicionais de Matriz Africana, a deputada estadual Luciana Genro (PSOL) protocolou, na quarta-feira (06/10), um Projeto de Lei que tem como objetivo instituir oficialmente o 15 de setembro como Dia Estadual do Tamboreiro, do Alabê, do Ogã e do Tata.
O som dos atabaques é parte fundamental nos terreiros das religiões de matriz africana. A habilidade de fazer com que a música sagrada ecoe através do toque das mãos é responsabilidade de uma das principais figuras dentro de um terreiro, o Tamboreiro, conhecido também como Ogã ou Alabê (do iorubá Alagbê). Já nos candomblés de origem Kongo-Angola, a denominação usada é Tata ou, ainda, Tata Xikarengoma”, título específico para os tocadores de Ngoma (atabaque).
“Ter no calendário do Rio Grande do Sul um dia para homenagear os tamboreiros é, além de uma forma de valorizar a cultura dos povos tradicionais, uma forma de combater a intolerância religiosa, e meu mandato é um parceiro dessa luta! Numa estimativa livre, calcula-se que o nosso estado tenha mais de 65 mil terreiros, uma proporção maior que na Bahia e Rio de Janeiro. Temos grandes celebrações das religiões de matriz africana em todo o estado,” justifica Luciana Genro.
No Batuque, ou Nação, o Alabê é o responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos instrumentos musicais sagrados de membranofone, que com a batida das mãos produzem o som. Na Umbanda, quem executa ritual semelhante é o Tamboreiro. Para o Candomblé, o Ogã é o adepto que tem a função de auxiliar, através do som, o babalorixá ou ialorixá para o bom funcionamento das obrigações. O Ogã Alabê tem como principal responsabilidade assumir os atabaques (Rum, Pi e Lé) e entoar os cânticos sagrados no idioma da nação do terreiro (ketu, ijexá, jeje e angola) ou em português, nos terreiros de umbanda e quimbanda.
O mês de setembro foi escolhido por ser o mês comemorativo de Xangô, orixá da justiça, considerado o dono dos tambores. A relação entre Xangô e os tambores é encontrada em diversos estudos sobre as religiões afro-brasileiras. O estudioso Norton Corrêa, por exemplo, destaca que “a orquestra […], como um todo, pertence a Xangô, considerado o ‘dono do barulho’ (isto é, da música)”.