As gestantes e puérperas que tomaram a primeira dose da vacina AstraZeneca contra o coronavírus, ou antes do imunizante ser proibido para o grupo pela Anvisa ou antes de engravidarem, estão sem perspectivas em relação à segunda dose. Isso porque o Ministério da Saúde afirma que elas precisam esperar até após o puerpério (período de 45 dias depois do parto) para tomar a segunda dose, o que significa que, dependendo do caso, elas podem precisar aguardar diversos meses entre uma dose e outra, ficando sem a proteção completa durante o período gestacional.
Representantes do movimento que luta para que as grávidas e puérperas possam receber a segunda dose da Pfizer – o que já foi confirmado ser seguro – procuraram a deputada Luciana Genro (PSOL), que se comprometeu a ajudar nessa pauta. A parlamentar enviou ofício à secretária da Saúde, Arita Bergmann, pedindo que tome as providências necessárias para incluir o grupo na próxima etapa de vacinação no estado, a fim de receber a segunda dose do imunizante da Pfizer. O pedido é embasado por estudos realizados pela Universidade de Oxford e pelo caso de outros estados que já iniciaram essa aplicação, como Rio de Janeiro e Ceará.
O Brasil é o país com maior mortalidade de gestantes e puérperas por Covid-19. Em 2021, só até junho já eram 911 mortes deste grupo, uma média de quase 48 por semana. No Estado, conforme os números oficiais desta Secretaria, em todo o ano de 2020, seis mulheres gaúchas grávidas ou puérperas faleceram em razão do coronavírus. Em 2021, somente até o dia 29 de junho, o total de óbitos de gestantes e puérperas já chega a 75.
“As gestantes e puérperas já estão passando por um momento de mudanças, se preparando para a chegada de um filho, e agora precisam lidar com esse estresse durante a gravidez. Com o alto número de mortes deste grupo no Brasil, não é aceitável que elas fiquem desamparadas e desprotegidas exatamente quando estão mais vulneráveis”, aponta Luciana Genro.
Leia a íntegra do ofício:
Porto Alegre, 09 de junho de 2021.
Ofício n.º 114/2021-BAN
Objeto: Garantia da segunda dose para gestantes e puérperas.
Exma. Sra. Arita Bergmann, Secretária de Saúde do Estado:
O Ministério da Saúde, em pronunciamento ontem (8), reafirmou que as gestantes e puérperas que tomaram, por ventura, a primeira dose da AstraZeneca contra covid-19, antes da proibição do imunizante para elas, devem aguardar a passagem do puerpério para receber a segunda dose do imunizante. A medida, adotada em maio, preocupa milhares de gestantes e puérperas, deixando-as à deriva em relação à segunda dose.
É sabido que esta Secretaria decidiu, em maio, suspender temporariamente a vacinação deste grupo com a vacina AstraZeneca, seguindo orientação da Anvisa, até que seja completado o monitoramento de eventos adversos notificados em gestantes.
Ocorre que, um estudo da Universidade de Oxford, do Reino Unido, divulgado em junho deste ano mostrou que aplicar uma segunda dose do imunizante da Biontech-Pfizer em quem recebeu a primeira dose da vacina da AstraZeneca provocou uma melhor resposta imunológica do que aplicar a segunda dose da própria vacina da AstraZeneca.¹
O Brasil é o país com maior mortalidade de gestantes e puérperas por Covid-19. Só até junho de 2021, já eram 911 mortes deste grupo, uma média de quase 48 por semana. No Estado, conforme os números oficiais desta Secretaria, em todo o ano de 2020, seis mulheres gaúchas grávidas ou puérperas faleceram em razão do coronavírus. Em 2021, somente até o dia 29 de junho, o total de óbitos de gestantes e puérperas já chega a 75.
A fim de garantir o direito à vacina e concluir o esquema vacinal, os estados do Rio de Janeiro e Ceará, orientam a aplicação da segunda dose da Pfizer em gestantes e puérperas que receberam o imunizante da Astrazeneca.
Considerando o exposto, bem como a necessidade de garantir a conclusão do esquema vacinal e o risco a que estão expostas as gestantes e puérperas, PEDIMOS à V. Exa que tome as providências necessárias para incluir este grupo na próxima etapa de vacinação no estado, a fim de receber a segunda dose do imunizante da Pfizer, com base nos estudos da Oxford, bem como, seguindo a orientação dos outros estados que já iniciaram a aplicação.
Saudações cordiais,
Luciana Genro
Deputada Estadual