Nesta segunda-feira (07) a deputada estadual Luciana Genro, coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos e Comunidades de Matriz Africana na Assembleia Legislativa, esteve em visita ao Ilê Oxum Pandá Miuá, localizado no Bairro Agronomia, em Porto Alegre. O espaço é gerido pela Mãe Cláudia de Oxum, pedagoga e professora da rede estadual.
Mantendo os cuidados sanitários em função da pandemia, a deputada dialogou com Mãe Cláudia e alguns de seus filhos e filhas de santo sobre a resistência política que representa entender-se e posicionar-se como praticantes das religiões de matriz africana, além de ouvir suas demandas não somente como religiosos, mas como parte ativa de uma comunidade.
“O espaço religioso de matriz africana é um espaço de muita troca, respeito e solidariedade. Sabemos que os cultos giram em torno da partilha e da coletividade e durante a pandemia se torna ainda mais difícil contemplar o máximo de pessoas possível. Por isso, na Frente Parlamentar, seguimos denunciando a insegurança alimentar e as dificuldades de reconhecimento destes povos tradicionais,” disse Luciana. A deputada ainda realizou entrega de cestas básicas arrecadadas através da campanha Solidariedade Ativa, da Rede Emancipa em parceria com seu mandato.
Mãe Claudia de Oxum, que é responsável por mais de 50 filhos de santo, conta que o local também serve para a prestação de serviços à comunidade. Datas como Dia das Crianças e Natal sempre contam há anos com campanhas de arrecadação protagonizadas pelos religiosos. Ela pretende ampliar o espaço, para atingir cada vez mais pessoas com a prática da caridade, bandeira das religiões que têm seus fundamentos oriundos da África.
A comunidade conta com crianças que possuem dificuldade de aprendizado e diversos adultos analfabetos ou semianalfabetos, sendo que não há escolas próximas que ofereçam a modalidade EJA. “Eu acredito que é importante, em primeiro lugar, a conscientização. Queremos, junto com os filhos de santo com formação na área da educação, oferecer aulas para esses moradores. Esse é só um dos projetos que queremos desenvolver, assim que pudermos ampliar o espaço físico. Temos projetos, para após a pandemia, de oferecer oficinas de capoeira, de tambor, tranças afro, pintura, trabalhar questões afirmativas e muito mais. Queremos o espaço do terreiro para a própria comunidade do Ilê e para as pessoas que precisam,” explica a religiosa.