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A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) participou de audiência pública da Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa que tratou sobre a PEC 280/2019, que retira a necessidade de plebiscito para vendas das estatais Banrisul, Corsan e Procergs.

Luciana Genro denunciou a situação como um duplo estelionato eleitoral, já que o governador Eduardo Leite se comprometeu explicitamente na campanha, dizendo que não iria privatizar a Corsan e agora não só declara que quer privatizar, como mobiliza sua base na AL para acabar com o plebiscito que dá direito ao povo de decidir se quer vender ou não.

“Demonstra a falência da democracia, a precariedade, o quanto o povo de fato não decide quando vota. É uma situação dramática, em meio a tragédia social, precisarmos discutir o óbvio: que não é a hora de tirar o poder decisório do povo, mas de ajudar as pessoas a enfrentarem os impactos da pandemia. O único interesse que rege a decisão do governo é o interesse privado, de fazer negócio, entregar as instituições públicas ao capital. Combater a privatização é combater a brutal desigualdade do capitalismo”, destacou.

Luciana Genro ressaltou a necessidade da mobilização do povo gaúcho para enfrentar mais esse ataque e colocou o seu mandato a disposição para lutar até o último minuto, uma vez que quanto mais mobilização externa, maiores são as chances de barrar a PEC. A deputada federal do PSOL, Fernanda Melchionna, também esteve presente na audiência e denunciou que embora não trate a pandemia da mesma forma que o governo obscurantista de Jair Bolsonaro, Eduardo Leite age de forma ao se aproveitar da situação do povo para passar uma boiada.

“Nós não só temos um estelionato eleitoral, já que Leite disse que não privatizaria CEEE e Banrisul nas eleições de 2018, como temos o direito de o povo decidir sendo tolhido. Estamos em um momento gravíssimo da história, que exige mobilização para que os deputados não cometam esse crime contra o povo gaúcho e não deixemos esse absurdo acontecer.” O PSOL avalia que a venda de estatais sem a consulta da população significa prejuízo para o povo, com aumento dos valores cobrados pelos serviços.

Vera Guasso, dirigente do Sindppd, afirma que a situação lembra os generais da Ditadura Militar, que diziam que o povo não sabia decidir. “O governador engomado está dizendo isso para a população gaúcha: que não sabem decidir. É um crime contra o patrimônio público construído com sangue e o suor. A destruição pura e simples, se apoiando na pior situação sanitária do mundo nos últimos 100 anos. Vamos ao debate, a população saberá decidir sim! A Procergs é conhecimento! Nenhum estado no mundo consegue organizar a sua saúde, a sua segurança, a sua economia sem uma empresa de tecnologia da informação pública,” afirma.

O presidente da Famurs, Maneco Hassen, pediu a suspenção da votação e lamentou a ausência do Executivo no debate proposto pela audiência. “Nós tínhamos que estar debatendo porque não temos vacina, porque nossas crianças não estão nas salas de aula, como auxiliar as pequenas e médias empresas durante a pandemia. Infelizmente temos que deslocar o nosso tempo para debater algo que, não tenho dúvidas, não deveria ser prioridade neste momento. O governo do estado não pode colocar à venda algo que não é dele,” finalizou. Já Arilson Wünsch, presidente do Sindiágua, reiterou que em nenhum momento do governo Eduardo Leite foi pensada uma política de saneamento para o Rio Grande do Sul.

Denise Falkenberg Correa, diretora da FETRAFI-RS, destacou que estão morrendo muito mais gaúchos e gaúchas do que nascendo, o que já demonstra que essa discussão é totalmente extemporânea. Para ela não é hora de discutir algo desta grandiosidade em um momento em que o governo, o parlamento, a sociedade civil, todas as instituições, deveriam estar discutindo como resistir à crise.

Representando o Sindicato dos Engenheiros do RS, Eduardo Carvalho, chamou a atenção para o fato de que existem mais de 200 moções de câmaras de vereadores que demonstram evidências de uma contrariedade a privatização da Corsan. A votação deve acontecer na próxima terça-feira (27) e serão necessários 33 votos de 55 para barrar a PEC.