Projeto propõe concurso, agregando a comunidade na discussão
A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) esteve, nesta quarta-feira (13), reunida com organizações e movimentos que buscam avançar na discussão que envolve o racismo no hino-riograndense. Em um primeiro momento, ela dialogou com representantes da Comissão da Igualdade Racial e Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Sul (OAB-RS) e do Movimento Negro Unificado (MNU). Carla Zanella, militante do movimento negro e assessora de Luciana, também participou da conversa.
A deputada reiterou que o movimento negro deve ter protagonismo neste debate, de forma que qualquer iniciativa que se tome no parlamento seja desenvolvida através dos movimentos populares. “Sempre fui ciente desta discussão sobre o hino, mas nunca ousei tomar nenhuma iniciativa porque acredito que a pauta deve ser protagonizada pelo movimento negro. Mesmo que na Assembleia, devido a inexistência de parlamentares declaradamente negros, tenhamos que ser os signatários,” disse se colocando a disposição das organizações.
O presidente da Comissão Sobre Escravidão da OAB/RS, Jorge Luiz Terra da Silva, destacou a ideia de se realizar um concurso para selecionar um projeto cultural que proponha a substituição de versos específicos do hino rio-grandense. “Em lugar de apresentar um texto já pronto, seria mais democrático e eficiente que se apresentasse um projeto de lei que previsse uma das modalidades de licitação. Ao afirmar que ‘povo que não tem virtude acaba por ser escravo’, a gente está transferindo para a vítima a responsabilidade do racismo”, explicou.
Sergio Rosa reforçou que a sociedade está absorvendo esse debate, que vem sendo feito há muito tempo de forma interna. “No momento que sai da Câmara de Vereadores de Port Alegre e toma proporções nacionais, o debate foi aflorado e repercutiu no Estado, organizando os coletivos, que se percebem uns nos outros. O grito que se gritava solo, agora é um grito coletivo. Essa é uma pauta negra, que se agrega a muitas representatividades para que o grito ecoe de forma diferente” pontuou.
Carla Zanella salientou que as pessoas estão relutantes em entender essa parte da história como racista. Para ela o principal local de disputa não é nem o Parlamento, apesar de ser de extrema importância. “A única forma deste debate avançar lá dentro é colocar de forma significativa na mídia, com amplo debate com a comunidade”, considerou.
Posteriormente Luciana Genro participou da Plenária Negra Unificada, que se deu de forma virtual. Dentre as organizações que participaram estava o Movimento Negro Unificado, Movimento Vidas Negras Importam, Comissão de Igualdade Racial da OAB-RS, Afrojuristas, Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra da OAB-RS, Juntos, Catálogo Afro, Projeto Periferia, Atinukes, Movimento Meninas Crespas, entre outros.
Na oportunidade a proposta encaminhada na reunião da OAB foi apresentada pelo representante do Movimento Negro Unificado, Luis Felipe Teixeira, que frisou a importância de que o debate seja feito de forma democrática e que integre as leituras que a sociedade está fazendo, lembrando que muitas pessoas não tem consciência do racismo impregnado socialmente. Destacou, ainda, a urgência de organizar a mobilização e resistência antirracista.
O grupo encaminhou que será criado um Grupo de Trabalho, a partir do grupo de discussão da Plenária Negra Unificada, que vai montar o texto de teor autorizativo que será apresentado na Assembleia Legislativa no retorno das suas atividades. Ainda determinou a retomada do Fórum Permanente que permitirá uma discussão aprofundada por parte das representações.