PSol pede bloqueio dos bens de Yeda
O PSol anunciou, ontem, que vai pedir à Justiça Federal de Santa Maria o bloqueio dos bens da governadora Yeda Crusius (PSDB), de seu marido, Carlos Crusius, e de seu ex-secretário Delson Martini. A decisão foi tomada após as denúncias apresentadas pelo empresário Lair Ferst, que apontam diversas irregularidades na campanha eleitoral de 2006 e na gestão tucana no Estado. Para o PSol, as denúncias dispensam a criação de uma CPI e exigem um processo de impeachment. Diante da confirmação de que o Ministério Público Federal encaminhou as denúncias para a Procuradoria-Geral da República, o presidente da OAB/RS, Claudio Lamachia, defendeu a quebra do sigilo da investigação. ‘O Estado sangra há mais de um ano com essas denúncias. É hora de o MPF vir a público de forma definitiva e dizer se tem ou não esses elementos’, afirmou.
PSol pede bloqueio de contas de Yeda e marido
Objetivo é garantir o ressarcimento dos R$ 44 milhões desviados do Detran
O PSol vai pedir ao Ministério Público Federal bloqueio imediato das contas bancárias e dos bens da governadora Yeda Crusius, de seu marido, Carlos Crusius, e do ex-secretário Delson Martini. O objetivo da ação, segundo o vereador e advogado, Pedro Ruas, é garantir o ressarcimento de parte dos R$ 44 milhões dos recursos públicos que teriam sido desviados do Detran. A petição será entregue amanhã, em Santa Maria, à juíza Simone Barbisan Fortes, que está conduzindo as investigações do caso, por meio da Operação Rodin.
Para o presidente do PSol, Roberto Robaina, os novos elementos divulgados pelo MPF são suficientes para comprovar que a governadora, o marido e o ex-secretário são os principais comandantes e beneficiários do esquema de desvio de recursos públicos. De acordo com as denúncias, que estão sendo investigadas pelo MPF, recursos oriundos do Detran supostamente pagariam até contas pessoais de Yeda, afirma Robaina. ‘O que está posto já é suficiente para comprovar que houve improbidade administrativa e formação de quadrilha’, diz ele. ‘O depoimento de Lair Ferst confirma denúncias feitas pelo PSol em fevereiro, todas envolvendo direta ou indiretamente a governadora em prática de desvio de dinheiro público’, pondera a deputada Luciana Genro. Segundo ela, as informações reforçam ‘a total falta de condições de Yeda Crusius de continuar no cargo’.
OAB/RS cobra manifestação do MPF
O presidente da OAB/RS, Claudio Lamachia, criticou a demora na apuração das denúncias de corrupção no governo gaúcho e defendeu a abertura do processo de investigação. ‘O Estado sangra há mais de um ano com essas denúncias todas. Estamos perdendo investimentos com essa turbulência política. É hora do MPF vir a público de forma definitiva e dizer se tem ou não esses elementos’, afirmou.
Para Lamachia, o governo deveria dizer o que foi apurado nos casos da assessora Walna Villarins Meneses e do chefe de gabinete da governadora, Ricardo Lied. ‘Nesse caso pontual, nada mais justifica a manutenção do segredo de Justiça. A OAB já cobrou isso, mas o governo não nos respondeu integralmente. Em Brasília, existem os atos secretos. Aqui, são as sindicâncias secretas. Parece que vivemos um período de exceção’, acrescentou.
Conforme Lamachia, além da falta de transparência, existe uma sensação de impunidade na sociedade. ‘Há cada vez mais incertezas e denúncias contra a primeira mandatária do Estado e pessoas chegadas a ela’, destacou.
Oposição insiste com pedido de CPI
Denúncias de Lair Ferst, que constam de depoimento ao MPF, também serão argumentos para que a direção do PSol peça à Assembleia que vote o impeachment da governadora. O pedido foi feito em 8 de junho de 2008 pelo vereador Pedro Ruas (PSol). Foi indeferido pelo presidente da AL à época, Alceu Moreira (PMDB), e está na Comissão de Justiça, onde também teve indeferimento do deputado Paulo Odone (PMDB). Ele pode ir à votação, basta que um deputado faça o pedido. O que, segundo o PSol, dispensaria a abertura de CPI. Os deputados do PT não concordam e ontem mesmo reiniciaram conversações com deputados que ainda não assinaram o requerimento da CPI da Corrupção. ‘Se alguém precisava de novas revelações para aderir à CPI, já as têm’, diz o líder da bancada, Elvino Bohn Gass. A deputada Stela Farias tentou buscar as duas últimas assinaturas que faltam para instalar a CPI. Ela se diz indignada com a postura do governo frente às revelações: ‘A governadora está quase autista. Não fala e não explica nada’, ataca.
Denúncia do MPF associa Daniel Dantas a mensalão
Dono do Opportunity e 13 pessoas são denunciados por formação de quadrilha
A Procuradoria da República em São Paulo denunciou à Justiça o sócio-fundador do Grupo Opportunity Daniel Dantas e outras 13 pessoas ligadas a ele pelos crimes de formação de quadrilha, gestão fraudulenta, gestão temerária, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O procurador Rodrigo de Grandis, autor da denúncia, afirmou que Dantas e os demais acusados formaram um ‘grupo criminoso empresarial’, para cometer crimes contra o sistema financeiro, de corrupção ativa e de lavagem de recursos ilícitos.
De acordo com De Grandis, o grupo financiou, quando estava no comando da empresa Brasil Telecom (BrT), o ‘valerioduto’ – suposto esquema montado em 2006 pelo empresário Marcos Valério de Souza para pagamento de propina a congressistas, conhecido como mensalão. Apesar das denúncias, o Ministério Público Federal não pediu a prisão de Dantas ou de seu grupo.
Dantas e Humberto José Rocha Braz, ex-diretor da BrT e consultor do Grupo Opportunity, já foram condenados pelo crime de corrupção ativa, acusados de tentar subornar um delegado da Polícia Federal (PF) para excluir Dantas e seus familiares do inquérito da Operação Satiagraha.
Amanhã, completa-se um ano que Dantas foi preso pela primeira vez pela PF, durante as investigações da Satiagraha. Depois de obter a liberdade, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de um habeas corpus, ele voltou a ser preso pela tentativa de suborno, mas foi solto novamente pelo STF.
A procuradoria da República solicitou a abertura de três novos inquéritos policiais pela Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros, da PF, para investigar fatos relacionados à Satiagraha. Em um deles, De Grandis pede que seja melhor investigada a participação do ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh e de Carlos Rodenburg, que comanda o braço agropecuário do Opportunity. Já indiciados por formação de quadrilha, os dois não foram denunciados ontem pelo MPF.
TALINE OPPITZ
Nova investida e pressão no MPF
A solicitação do PSol à juíza Simone Barbisan Fortes, que deverá ser feita amanhã, em Santa Maria, para que sejam bloqueados os bens da governadora Yeda Crusius, de seu marido, Carlos Crusius, e do ex-secretário Delson Martini, por ora, será a única investida concreta. O PSol promete ainda pressionar a Assembleia para que o pedido de impeachment, encaminhado pelo partido em junho de 2008, passe pela análise do plenário, mas os aliados do Piratini mantêm a tese de que não há provas ou fatos que justifiquem medidas drásticas. O movimento do PSol foi motivado pelo vazamento de informações que supostamente teriam sido repassadas em delação premiada por Lair Ferst, apontado como um dos pivôs no esquema Detran, ao Ministério Público Federal (MPF), detalhando irregularidades que teriam sido cometidas durante a campanha de 2006 e no início da gestão Yeda, comprometendo diretamente peças importantes da administração, além da própria governadora. Apesar de ter movimentado o cenário e fragilizado ainda mais o Piratini, nenhuma ação efetiva ocorrerá até que o MPF quebre o silêncio. Ontem, novamente pressionada, a instituição se manifestou por meio de nota. Porém, ao contrário da primeira vez, em fevereiro, quando o PSol acusou Yeda, integrantes e ex-integrantes do governo de supostas irregularidades como corrupção e caixa 2, agora, o texto não negou o conteúdo do vazamento.