A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa recebeu nesta quarta-feira (29/05) uma denúncia de transfobia na Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul (FASE-RS). Alice Sippert, psicóloga e servidora concursada na instituição desde 2013, compareceu à reunião da Comissão para pedir o apoio dos deputados diante das perseguições que vem sofrendo há mais de um ano, quando iniciou seu processo de transição de gênero.
Aos deputados, Alice contou que sofreu perseguição de colegas, que tiravam fotos suas sem autorização para enviar em grupos de WhastApp com o objetivo de caçoar de sua aparência. Além disso, ela relatou ter sido agredida por um colega, que a empurrou contra um armário e apertou seus seios.
“Conforme os meses iam passando, o interesse das pessoas em converter meu corpo em motivo de piada se intensificou. Nunca encontrei escuta para esses problemas na direção da FASE”, desabafou.
Alice está atualmente lotada na unidade CASE POA 2 e reivindica uma transferência para a sede administrativa da FASE, onde poderia exercer seu trabalho de psicóloga em um ambiente sem perseguições. “Lá é o lugar mais seguro para mim. É realmente um grito de desespero que eu faço aqui para vocês”, disse. A direção da FASE tem se negado a transferir Alice. Em reuniões com diretores, a psicóloga chegou a ouvir comentários a respeito de suas funções fisiológicas, de sua postura feminina, e sugestões de que passasse a se vestir com roupas masculinas no trabalho. Seu nome social também não era respeitado.
A deputada Luciana Genro (PSOL), que encaminhou o caso de Alice à Comissão de Direitos Humanos, já havia recebido as denúncias da servidora no início de abril. Ela entrou em contato com o secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Catarina Paladini – chefe da pasta à qual a FASE é vinculada -, para tratar do assunto, tanto por telefone quanto pessoalmente, mas nenhuma providência foi tomada. No dia 17 de abril, Luciana enviou um ofício relatando o caso ao secretário de Catarina. Outro ofício foi remetido, em 8 de maio, ao coordenador de Diversidade Sexual do Estado, Leo Beone. Nenhum dos ofícios foi respondido.
“Não é possível que dentro de um órgão vinculado à Secretaria de Direitos Humanos nós tenhamos uma situação como essa. Eu levei este caso diretamente ao secretário Catarina, mas até o momento a situação da Alice permanece insustentável. Achei por bem trazê-la à Comissão, já que nesse contato direto com o secretário não foi possível equacionar esse problema”, disse Luciana, que é presidente da Comissão Especial para Análise da Violência Contra a População LGBT.
Os deputados titulares da Comissão de Direitos Humanos se comprometeram a dialogar com o secretário Catarina Paladini sobre o caso, reforçando a interlocução para que a psicóloga Alice Sippert possa ser transferida à sede administrativa da FASE.