Por #EquipeEmancipa
Há um ano nasceu a Emancipa Mulher, com seu primeiro curso de formação feminista e antirracista. A Emancipa Mulher foi idealizada e coordenada neste primeiro ano por Luciana Genro, que é fundadora e presidente do Emancipa, ONG de educação popular que há 8 anos oferece curso pré -universitário para jovens de baixa renda.
Com duração de oito meses, o curso Laudelina de Campos Melo (assim batizado em homenagem a esta mulher excepcional), incluiu aulas e atividades práticas sobre movimentos de mulheres, negros e negras, sobre ondas feministas, perspectivas críticas de raça, classe e gênero no mercado de trabalho, representatividade e representações, controle de corpos, masculinidades e saúde sexual, dentre outras temáticas pertinentes. O curso foi elaborado e ministrado por Joanna Burigo e Winnie Bueno. Em 2018, sob coordenação de Joanna Burigo, a Emancipa Mulher já começou suas atividades com debates, palestras e minicursos. Tudo gratuito.
Por que um espaço de formação feminista e antirracista?
Nosso primeiro curso não tem o nome de Laudelina de Campos Melo por acaso. Classe e raça são experienciados por mulheres de formas diferentes, e Laudelina lutou pelo fim da precariedade do trabalho doméstico – espaço ocupado majoritariamente por mulheres negras, há gerações. Laudelina fundou o primeiro sindicato e a primeira associação das domésticas, em Campinas, apoiando ações educativas e atividades cujo objetivo era estimular a solidariedade entre as trabalhadoras e avançar na conquista de direitos.
Gênero e desigualdade racial são desafios persistentes, e no Brasil é impossível discutir um sem abordar o outro. Discriminações por gênero, raça e classe são questões estruturantes da sociedade, e não existem apenas como meros complementos uma da outra. A violência sexual é uma constante, violações de direitos fundamentais são cada dia mais brutais, trabalho doméstico não remunerado se traduz em maior ônus para mulheres e meninas – e mulheres e meninas negras são desproporcionalmente afetadas por questões como estas. O Brasil é o quinto país com maior número de feminicídios no mundo, e entre 2003 e 2013, enquanto os casos de homicídios de mulheres brancas no país caíram 9,8%, o número de vítimas negras aumentou em 54%.
O diálogo que estamos construindo no âmbito da Emancipa Mulher visa revelar o quão naturalizadas essas estruturas de discriminação estão. Também buscamos, coletivamente, saídas justas e inclusivas para esse drama. Buscamos não apenas ampliar o acesso ao conhecimento formal sobre questões de gênero, raça e classe, mas também enriquecer os processos pedagógicos sobre estes temas com as experiências das cursistas, em cooperação e construção coletiva de estratégias de resistência e emancipação.
O feminismo em que acreditamos, e que queremos ver potencializado, é aquele em que as mulheres que sempre foram silenciadas possam reverberar suas vozes e se reconhecer como protagonistas de suas próprias histórias. Um feminismo em que os privilégios cedam lugar à empatia, ao compartilhamento e à solidariedade. Convidamos as mulheres para uma vivência que nos permita reconhecer nossas diferenças, necessário para que sejamos capazes do engajamento empático que fomenta emancipação e resistência.
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