Beatriz Sánchez é o nome da mulher que encabeçou a luta da Frente Ampla nas eleições chilenas ao final de 2017. Com 20% dos votos, ela esteve a 2 pontos de passar para o segundo turno e desbancar o candidato da centro esquerda Alejandro Guiller, apoiado por Bachelet, pelo Partido Socialista e pelo Partido Comunista – a velha esquerda – e que acabou derrotado no segundo turno para o direitista milionário Sebastián Piñera.
A coalização Frente Ampla, composta por diversos grupos da esquerda e movimentos oriundos das lutas estudantis de 2011, conseguiu eleger 18 deputados e 1 senador, algo inédito para uma força antineoliberal à margem dos partidos tradicionais. A “harmonia” política dos partidos tradicionais, reinante há 30 anos, foi fortemente questionada. O programa da Frente ampla se baseou nas grandes lutas sociais antineoliberais dos últimos anos e é uma aposta importante no processo de construção de uma alternativa de esquerda que supere o modelo Bachelet ( no Brasil a mesma orientação foi a de Lula, centrada na colaboração de classes, abandono das lutas sociais e utilização dos métodos tradicionais de governar).
Pois tive o privilégio de ser convidada pela Frente Ampla para participar da posse de sua nova bancada no Congresso Nacional do Chile, e para um conjunto de encontros e debates sobre a conjuntura e os rumos da América Latina. Estará no Chile também Fernanda Melchionna, vereadora de Porto Alegre pelo PSOL, que em 2011 esteve no país para acompanhar as mobilizações do estudantes chilenos. A primeira atividade que participo será uma mesa no Museu da Memória e dos Direitos Humanos, com a própria Beatriz Sánchez e com Tomás Hirsch, que foi eleito deputado pela Frente Ampla e havia disputado as eleições presidenciais em 2005. Serão vários eventos, inclusive a Marcha Mundial das Mulheres Chilenas, no dia 8 de março, quando estarei novamente ao lado de Beatriz, um ato político em Santiago e outro em Valparaíso, sede do Congresso Nacional, no qual tomarão posse os novos parlamentares da Frente Ampla.
No momento em que debatemos no PSOL a necessidade de uma nova esquerda – que não queira repetir o petismo nem ser herdeira da sua politica – o exemplo chileno pode ser iluminador. Com certeza retornarei com mais elementos para seguir o debate.