*Por Cilas Machado
Hoje é dia da Consciência Negra. Hoje é mais um dia de paciência pelo qual temos que afirmar o porquê de sua existência. Hoje também é o dia em que várias pessoas vão nos marcar no vídeo do ator negro hollywoodiano, Morgan Freeman, que diz que basta “pararmos” de falar no racismo que ele desaparecerá.
Ora, convenhamos! Já ouviram gente faminta parar de pensar em comida para saciar sua fome? Ou melhor, já ouviram algum problema ser resolvido sem que ninguém faça nada para resolvê-lo?
Qual a razão de se fechar a todas pesquisas brasileiras que revelam a imensa desigualdade racial do nosso país? Nenhuma! Ou melhor, como diria Florestan Fernandes, o povo brasileiro tem “preconceito de ter preconceito”. Não consegue, em grande medida, olhar para o lado e perceber o óbvio: que as pessoas brancas deste país celebram sua consciência todos os dias há mais de 500 anos.
O dia 20 de novembro é sobre isso: um espaço para demarcarmos politicamente a luta dos nossos, relembrando a trajetória de nosso povo e o quanto ainda temos que avançar.
Um dia de consciência é fundamental para afirmarmos a importância de nossas vidas. Um dia de consciência é determinante para organizarmos nossa luta contra as reformas que querem explorar ainda mais nosso povo, que flexibilizam a tipificação de trabalho análogo ao escravo, que acabam com a nossa possibilidade de aposentadoria.
Um dia de consciência é fundamental num país em que a consciência nos silencia todo dia.
*Cilas Daniel da Silva Machado é estudante da UFRGS, militante do movimento negro, morador da Restinga e professor do cursinho pré-universitário popular Emancipa.