A degradação completa da estrutura de segurança pública e as medidas ao alcance da prefeitura de Porto Alegre foram os temas centrais de um bate-papo entre delegados da Polícia Civil e a candidata Luciana Genro, da coligação “É a vez da mudança” (PSOL, PPL, PCB). Também estava presente o seu vice, o deputado Pedro Ruas. O encontro aconteceu durante um café da manhã na sede da Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (ASDEP-RS).
A presidente da associação, Nadine Anflor, abriu o encontro afirmando que segurança pública será o tema central da campanha eleitoral, justamente pelo caos enfrentado tanto pela população como pelos servidores da área, castigados pela falta de estrutura e atraso de salários. Uma das sugestões mais recorrentes foi a implantação do Conselho Pró-Segurança Pública, o Consepro, um órgão que reúne representantes da sociedade civil e colabora no financiamento paralelo de despesas básicas dos órgãos de segurança, que não vêm sendo atendidas pelo governo estadual, seja na manutenção de viaturas ou até mesmo na compra de papel para impressão de boletins de ocorrência.
Outra sugestão foi a cedência de prédios públicos do município que estejam ociosos para instalação de delegacias, já que boa parte delas está em situação precária. A integração entre as forças públicas de segurança foi outra demanda repetida por vários delegados, que reiteraram a necessidade de troca de informações e cooperação nos serviços de inteligência.
A maioria dos delegados manifestou grande simpatia pela candidatura de Luciana e Ruas, destacando a trajetória de ambos no firme combate à corrupção. “Vocês têm minha profunda admiração pela coragem de se opor a tantas situações desagradáveis que vemos todos os dias”, destacou delegado Paulo Grillo, diretor do Departamento de Homicídios da Polícia Civil.
Já o ex-secretário de Segurança de Canoas, Ben-Hur Marchiori, relatou o êxito da experiência de integração, ampliação e treinamento da Guarda Municipal e a colaboração da prefeitura em medidas mais simples, mas de grande auxílio, como a cedência de estagiários para atuação no Centro Integrado de Comando. Ainda foram citadas atitudes complementares em que a prefeitura de Porto Alegre tem se omitido, como a rede de atendimento social a dependentes químicos, atuação do Conselho Tutelar junto a menores infratores, política e protocolo de atendimento para saúde mental e casas de acolhimento para mulheres vítimas de violência.
A candidata Luciana Genro convidou os delegados a aprofundarem as propostas e sugestões ao plano de governo, reiterando que o mesmo está em constante construção. Ela citou as medidas que já integram a proposta do PSOL, como a redefinição do papel da Guarda Municipal, a instalação de alarmes comunitários, a utilização da EPTC e a “Balada Segura de Verdade”, que prevê uma presença ampla e ostensiva das forças de segurança nos bairros onde ocorrerem as blitze. “Entendemos que a segurança é sim um problema municipal, porque é na cidade que as coisas acontecem. Ao invés de distribuir cargos para 14, 15 partidos, como meus adversários, quero reduzir em 70% os CCs e governar com a inteligência da cidade, com quem conhece de fato os problemas e pode nos ajudar a encontrar as melhores soluções”, disse.
Ao final, a presidente da ASDEP, a primeira mulher a comandar a entidade em mais de 50 anos, valorizou o fato de Luciana ser a única mulher na disputa à prefeitura. “Temos muito orgulho de que você esteja participando”, frisou Nadine.