Protógenes diz que reportagem que o acusa de espionagem de ministros é “mentirosa”
“Matéria é mentirosa”, diz delegado Protógenes
Delegado disse que não reconhece documentos publicados pela reportagem da Revista Veja
O delegado Protógenes Queiroz negou as informações divulgadas pela última edição da revista Veja em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta segunda-feira.
De acordo com a publicação, a Polícia Federal teria descoberto no computador pessoal e em um pen drive do delegado localizados em seu apartamento, no Rio, informações sobre investigações ilegais realizadas por ele.
— Isso é uma matéria mentirosa, que chegou aos níveis insustentáveis no país de credibilidade em que o papel hoje da imprensa é discutido no próprio meio e essa matéria só fortalece esse debate que é travado na imprensa — declarou dizendo ser a favor da Liberdade de Imprensa mas “desde que se apure os excessos que por ventura venham a atingir a honra das pessoas”.
Perguntado se os seus computadores possuíam os arquivos citados pela reportagem ele disse que não reconhece os documentos publicados e que o conteúdo da matéria não tem sustentação.
— Na minha residência no Rio de Janeiro não foi apreendido e nem buscado nada — declarou.
O delegado também disse que é de se estranhar que esses fatos sejam “fabricados” próximo ao fechamento da CPI dos Grampos e considerou um fato criminoso a divulgação da identidade nominal de dois oficiais de inteligência da Abin — Agência Brasileira de Inteligência.
Protógenes também citou outros casos, como o suposto grampo clandestino com diálogos entre presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
— Não se provou nada porque não existiu. Cadê o áudio? Cadê a materialidade do crime? Se abriu uma investigação, se ativou a máquina estatal para investigar aquilo que não existe, a partir de uma fabricação de uma notícia escandalosa publicada por esse órgão de imprensa, que diga-se de passagem já perdeu a credibilidade há muito tempo.
Quanto ao ex-ministro José Dirceu ter dito em entrevista à Zero Hora que temeu ser preso na Operação Satiagraha, Protógenes disse que os dados coletados com autorização judicial em nenhum momento inclui ou revelou a participação da ministra Dilma Rousseff, do ex-ministro José Dirceu, do chefe de gabinete da presidência Gilberto Carvalho, dos senadores Heráclito Fortes e ACM Júnior e do ministro Roberto Mangabeira Unger.
Protógenes também foi questionado sobre as orientações que teria dado para a deputada Luciana Genro, do PSOL, que poderia apresentar denúncias envolvendo a governadora Yeda Crusius sem provas e que as provas estariam no Ministério Público Federal:
— Falei para ela não temer e que ela fosse em frente, ajudar a auxiliar nas investigações.
O delegado também negou a informação da revista Veja de que estaria escrevendo uma autobiografia com o título “Protógenes, A Lenda”, mas não descartou a possibilidade de escrever um livro sobre a Operação Satiagraha quando tiver tempo. Também disse que não será candidato em 2010:
— Eu sou candidato a carcereiro do banqueiro bandido Daniel Dantas. Não sou candidato a nenhum cargo político, por ora não, e nem tenho essa pretensão. Acredito que se isso houver no futuro vai ser muito difícil em razão que a política brasileira encontra-se muito desgastada. O espaço para um homem de bem na política brasileira está cada vez menor.
Líderes da base governista e da oposição reúnem-se nesta segunda-feira no Senado para discutir uma reação aos supostos abusos cometidos pelo delegado na Operação Satiagraha. A ideia é exigir explicações do governo e cobrar rápida punição do delegado.
O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), vai sugerir aos colegas que se reúnam rapidamente com o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, para discutir o problema.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), convocou o presidente da CPI dos Grampos, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), e o relator, Nelson Pellegrino (PT-BA), para uma reunião em que será discutida a prorrogação da comissão. Itagiba pede a extensão dos trabalhos para os deputados analisarem documentos do inquérito da Polícia Federal que apura as investigações clandestinas de Protógenes.