Estudantes festejam Porto Alegre e protestam pintados
Ato comemorou o aniversário da Capital e fez críticas ao governo estadual
Estudantes pintaram seus rostos e saíram às ruas da Capital, na manhã de ontem, para exigir o impeachment da governadora Yeda Crusius. Em mobilização semelhante às articuladas em 1992, que resultaram na queda do presidente Fernando Collor, secundaristas e universitários gaúchos cobriram as faces com as cores da bandeira do Rio Grande do Sul. Entoando as mesmas músicas do Movimento Fora Collor, os cerca de mil manifestantes partiram às 9h da frente do Colégio Júlio de Castilhos e chegaram à Praça da Matriz por volta das 10h. Durante o ato, os estudantes queimaram uma boneca de pano que simbolizava a governadora.
Durante a marcha intitulada ‘Ella não pode continuar. Estamos de volta’ – uma referência aos caras pintadas da época de Collor – houve congestionamento no sentido bairro-Centro, da avenida João Pessoa. E na Avenida Borges de Medeiros com a Salgado Filho, os estudantes fizeram um ato em homenagem ao 237º aniversário de Porto Alegre, comemorado ontem, e cantaram um sonoro ‘parabéns a você’. A mobilização ganhou força na chegada à Praça da Matriz, quando os manifestantes exigiram a apuração das denúncias feitas pelo PSol contra a governadora. A deputada federal Luciana Genro (PSol) acompanhou o ato e prometeu aos estudantes que as provas da corrupção vão aparecer. ‘O povo gaúcho vai saber onde está o dinheiro desviado do Detran’.
A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf, veio de São Paulo para o ato. ‘Muitas passeatas acontecerão em abril’, assinalou. Líderes estudantis mencionaram a pesquisa divulgada nesta semana em que Yeda aparece em último lugar entre os governadores brasileiros.
A vice-presidente do Cpers, Neiva Lazzarotto, salientou que a manifestação também foi articulada por meio do sindicato dos professores públicos estaduais, contra o caos na Educação gaúcha. ‘Temos até estudante batendo em professor dentro de sala de aula’, disse a dirigente. Segundo a BM, que acompanhou, sem incidentes, as atividades, a mobilização foi pacífica.
Promotoria acompanha e avalia que ato foi pacífico
A promotora de Justiça Miriam Balestro, da Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos, acompanhou a mobilização dos estudantes durante todo o trajeto, por solicitação dos líderes da marcha intitulada ‘Ella não pode continuar. Estamos de volta’. Acompanhada de três secretários de diligências, a promotora determinou que o ato fosse filmado do início ao fim. No encerramento da caminhada, de mãos dadas, os estudantes cantaram o Hino do Rio Grande do Sul. À distância, a promotora também cantou. ‘É missão do Ministério Público defender o regime democrático de direito’, enfatizou.
Miriam avaliou a mobilização como pacífica e elogiou a postura do comandante do 9º BPM, tenente-coronel Leonel da Rocha Andrade, que evitou a aproximação do efetivo do Batalhão de Operações Especiais (BOE) para a frente do Palácio Piratini. Agindo desta maneira, no entendimento da promotora, o militar evitou que os ânimos ficassem acirrados. ‘Igualmente estarei presente no ato agendado para a próxima segunda-feira’, frisou. No dia 1º de abril, os estudantes prometem voltar às ruas.