Psol diz à PF que afastar Protógenes é punição antecipada
Fabiana Leal
A deputada federal Luciana Genro (Psol-RS) conversou nesta tarde, durante 45 minutos, com o corregedor-geral da Polícia Federal (PF), Valdinho Jacinto Carvalho, em Brasília. A parlamentar disse que colocou para ele a perplexidade da bancada com o afastamento do delegado Protógenes Queiroz, responsável pela deflagração da Satiagraha, operação que levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity. Segundo a deputada, Protógenes teve uma “punição antecipada”.
O delegado foi afastado do exercício do cargo pela Polícia Federal (PF) ontem. O afastamento deve durar até a conclusão, pela Corregedoria da PF, de um processo disciplinar que investiga a participação dele em um comício em Poços de Caldas, Minas Gerais, em setembro de 2008. A decisão de afastar o delegado foi tomada pelo diretor-geral da PF, delegado Luiz Fernando Corrêa, e anunciada em portaria no dia 9 de abril. Segundo ele, os servidores públicos da ativa não podem se envolver em campanhas políticas.
“Na realidade, não houve ainda uma investigação sobre o tema pelo qual ele foi afastado. Há uma espécie de punição antecipada. Agora que uma comissão vai avaliar, mas o afastamento já é uma forma de punir. Estamos enxergando isso como um conjunto de perseguições que ele vem sofrendo e que desmoralizam a Polícia Federal na sua luta contra corrupção”, disse Luciana.
De acordo com a deputada, Carvalho disse que Protógenes foi enquadrado em um artigo no qual o afastamento é automático e negou que a atitude tenha sido perseguição.
“Ele falou que estão cumprindo as normas. Mas para nós, é uma perseguição e um tratamento extremamente duro. Isso acaba intimidando a luta contra a corrupção e passando para sociedade que a Polícia Federal coloca no banco dos réus aquele delegado que conseguiu prender, mesmo que por poucas horas, o Daniel Dantas”, afirmou Luciana.