Por Redação #Equipe50
A candidata do PSOL à Presidência da República, Luciana Genro, disse durante debate com feministas no Recife (PE) nesta quarta-feira (24) que o fato de o Brasil ter uma presidenta não significa diretamente que as mulheres estão representadas. “Não basta ser mulher, é preciso estar do lado certo. E estar conectada com as demandas das mulheres. A Dilma prometeu 6 mil creches em 2010 e não cumpriu nem 10% disso. Hoje temos uma mulher na Presidência da República que não trabalhou num dos itens básicos, que é a necessidade de creches e escolas infantis para que as mulheres possam deixar seus filhos com segurança para seguirem com suas atividades”, disse Luciana.O evento, que ocorreu na sede do PSOL no Recife, foi promovido pela candidata ao Senado em Pernambuco, Albanise Pires. Edilson Silva, presidente do PSOL-PE e candidato a deputado estadual, e o candidato a governador, Zé Gomes, também estiveram presentes e fizeram uma saudação no evento.
Durante uma de suas intervenções, Albanise elogiou o PSOL em sua tentativa de oferecer igualdade entre homens e mulheres nos processos eleitorais. “A formação da mulher nos processos políticos é bem trabalhada na esquerda. O PSOL, especialmente, tem conseguido externar essa política como prática. Nosso partido vive a terceira candidatura à Presidência da República, sendo que em duas delas fomos representadas por mulheres. Heloísa Helena, em 2006, e agora Luciana Genro. Aqui em Pernambuco nós temos também nas chapas de governador, vice e senador representação feminina de 2/3. Isso significa que estamos conseguindo implementar, de fato, a priorização da participação da mulher na política. Precisamos aproveitar bem o processo eleitoral para divulgar essas lutas, como o combate à violência doméstica, à violência nos espaços urbanos, à violência obstétrica e a defesa do parto humanizado”, disse Albanise.
Luciana ainda apontou poucos avanços na Lei Maria da Penha no que se refere ao acolhimento às mulheres. “Não há estrutura de acolhimento para as mulheres que sofrem de violência doméstica. Tem a medida protetiva de afastar o agressor do lar, tem a prisão, mas isso não resolve o problema. O que resolveria de fato é que o Estado oferecesse a essa mulher condições para ela sair desse ciclo de violência. Nesse aspecto, a lei não foi cumprida. A Dilma, uma mulher, não avançou um milímetro para garantir às mulheres uma vida sem violência”, criticou.O aborto também foi debatido no encontro. Segundo Luciana, a discussão em torno de sua descriminalização ainda é estereotipada e, por essa razão, não se avança. “Há uma ideia de que quem defende a legalização do aborto está defendendo o aborto como um método contraceptivo ou que é uma ótima solução para evitar filhos. Quando nós sabemos que não é assim. O aborto é um drama para qualquer mulher. Ninguém é a favor do aborto, somos a favor das mulheres. Tivemos duas mulheres que morreram vítimas da clandestinidade, a Jandira e a Elisângela. Não dá para continuar achando que o aborto não existe. Ele existe e mais de 800 mil brasileiras se submetem a ele por ano”, declarou.
Ao final do evento, Daiane Dultra, da Action Aid, entregou aos integrantes da mesa uma pesquisa sobre violência contra a mulher e um documento com sugestões para se conquistar cidades mais seguras para as mulheres.