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Por Redação #Equipe50

Foto: TV Aparecida

Foto: TV Aparecida

A candidata do PSOL à Presidência da República, Luciana Genro, participou nesta terça-feira (16) do debate organizado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Ela protagonizou o ponto alto do encontro num embate direto com o candidato Aécio Neves, do PSDB. Ele perguntou quais as propostas de Luciana para melhorar o nível da educação no Brasil. Ela disse que vai investir mais na área e aproveitou o tempo restante para comentar o debate anterior que Aécio teve com o candidato do PSC, Pastor Everaldo, onde o tucano criticou duramente a corrupção no atual governo. “O senhor fala como se no governo do PSDB nunca tivesse havido corrupção, quando na realidade nós sabemos que o PSDB foi o precursor do mensalão, com o seu correlegionário e conterrâneo Eduardo Azeredo. O PT deu continuidade a essa prática de aparelhamento do Estado que o PSDB já havia implementado durante o governo do Fernando Henrique Cardoso. Também foi pública e notória a corrupção que ocorreu durante o processo de compra da reeleição do mandato do FHC, amplamente divulgada pela mídia. Também foi público e notório o processo de corrupção nas empresas públicas que foram privatizadas, num processo que ficou conhecido como ‘privataria tucana’. O senhor falando do PT é como o sujo falando do mal lavado. Fale do PT, mas fale do seu partido também, porque o PT lamentavelmente cedeu para o mesmo modo de fazer política que o Fernando Henrique desenvolveu quando governava”, disparou Luciana.

Na réplica, Aécio chegou a dizer que Luciana havia retornado a suas origens atuando como linha auxiliar do PT. Na tréplica, a presidenciável do PSOL não deixou barato: “Com todo respeito, linha auxiliar do PT uma ova, candidato Aécio. O PT aprendeu com o senhor, aprendeu com o seu partido. O mensalão do PT foi iniciado no governo do PSDB. E o senhor não tem resposta para debater comigo sobre corrupção, até porque o senhor foi protagonista de um dos últimos escândalos, antes desse da Petrobras. O senhor foi o protagonista do escândalo do aeroporto, onde utilizou dinheiro público para construir um aeroporto próximo das fazendas da sua família, e inclusive entregou a chave para seu tio. O senhor é tão fanático das privatizações que consegue privatizar um aeroporto e entregar para sua própria família, e tão fanático da corrupção que consegue utilizar dinheiro público para construir um aeroporto beneficiando exclusivamente a sua família. É realmente escandaloso o que o PSDB faz no Brasil”, acusou a presidenciável do PSOL. O encontro, realizado no Santuário Nossa Senhora da Aparecida, em Aparecida (SP), foi transmitido ao vivo por meios de comunicação católicos.

Reforma política

A primeira pergunta, feita pela presidência da CNBB, foi sobre a necessidade de uma reforma política. Luciana disse que ela é fundamental e necessária. Inclusive, a candidatura do PSOL adotou a proposta de reforma política da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), assinada em parceria com a CNBB e movimentos sociais. “Nós participamos ativamente da construção dessas propostas porque entendemos que o financiamento privado das campanhas eleitorais dá origem a uma relação promíscua entre o setor privado, os partidos e os políticos”, disse Luciana, lembrando que o PSOL é o único partido que tem representação parlamentar que proíbe estatutariamente receber dinheiro de bancos, empreiteiras e empresas multinacionais. “Esses são justamente os segmentos que instituem as relações mais perigosas e que nós estamos vendo agora, se reproduzirem na Petrobras com escândalo de corrupção envolvendo empreiteiras e partidos. Essas mesmas empreiteiras que estão envolvidas nesse escândalo da Petrobras financiam também os grandes partidos, o PT, o PSB, o PSDB e tantos outros. Junho de 2013 deu um recado aos políticos brasileiros. As instituições estão desacreditadas. É preciso uma transformação profunda e radical neste modo de fazer política, e a participação do povo é fundamental”, concluiu a candidata.

Reforma tributária

Questionada pelo jornalista Dalcides Biscalquin da Rede Vida sobre suas propostas para colocar em prática a reforma tributária, Luciana disse que essa é uma de suas principais bandeiras na campanha. “Nenhum partido até agora tentou implantar a reforma tributária que o PSOL defende. Queremos inverter a atual lógica do sistema tributário, que é extremamente oneroso com o trabalhador, com o assalariado, com a classe média, e extremamente leniente na tributação ao grande capital e aos bancos. Mais de 50% da arrecadação do Brasil vem de quem ganha até três salários mínimos. O imposto sobre consumo é extremamente injusto, porque ele tributa igualmente o milionário e o cidadão que ganha um salário mínimo. O imposto sobre salário também não é justo e a tabela do Imposto de Renda não é atualizada sequer pela inflação. Nós defendemos que os bancos paguem mais impostos, que os milionários que têm fortunas acima de R$ 50 milhões paguem uma alíquota 5% ao ano. Com isso nós poderíamos arrecadar R$ 90 bilhões ao ano e dobrar os investimentos em educação. Como aprovar isso? Sem balcão de negócios, sem negociar ata com os partidos. Será com ajuda da pressão do povo sobre o Congresso Nacional”, disse a presidenciável do PSOL.

Moradia

Em um sorteio, no terceiro bloco do debate, Luciana teve de perguntar ao candidato do PV, Eduardo Jorge. Ela aproveitou a oportunidade para fazer uma crítica à violenta desocupação que vimos hoje no centro de São Paulo e perguntou: “o senhor acha justo tratar moradia como caso de polícia?” Eduardo Jorge não respondeu objetivamente e defendeu o mapeamento de áreas de risco em todo o país. Na réplica, Luciana voltou a falar da violência policial contra famílias inteiras em São Paulo. “O governador Alckmin trata a questão de moradia como questão de polícia. O PSDB promoveu hoje uma vergonhosa ação policial, onde a violência foi brutal contra as famílias que estavam exclusivamente lutando pelo seu direito básico de moradia, ocupando um imóvel que estava vago há mais de 10 anos e que, segundo consta, inclusive não pagava em dia seus impostos”, criticou a candidata.

Luciana ainda defendeu mudanças no Minha Casa Minha Vida e uma lei que coíba ajustes abusivo dos aluguéis e proteja os inquilinos. “O governo do PT fez o Minha Casa Minha Vida, mas entregou para as empreiteiras a administração da política habitacional no Brasil. Também não promove uma lei do inquilinato que controle o preço dos aluguéis. Mesmo com o Minha Casa Minha Vida, o déficit habitacional aumentou, porque não há controle sobre o preço dos aluguéis. As famílias de baixa renda vêm sendo expulsas das áreas centrais e estão sendo obrigadas a irem para periferias, onde não têm acesso a transporte, a saúde e educação. Enquanto isso, as empreiteiras é que estão lucrando cada vez mais”, concluiu.

Estado Laico

No encontro, Luciana defendeu a laicidade do Estado como uma garantia para todas as religiões e também para quem não tem religião. “Entendo que a liberdade de religião não pode sofrer nenhuma restrição. Mas as políticas públicas não podem estar subordinadas a nenhuma religião, a nenhuma crença. Por isso, defendo, por exemplo, a necessidade do Estado reconhecer o casamento civil igualitário, uma vez que isso já é algo natural na nossa sociedade. Também é preciso combater a homofobia e pregar o bem, a igualdade, independentemente da religião. É preciso que as políticas públicas estejam a salvo das crenças religiosas”, disse a candidata, frisando que não é uma pessoa religiosa. “Primeiro quero dizer com muita sinceridade que não sou uma pessoa religiosa, mas tenho enorme respeito por todas as religiões. Não vou me converter ao sabor de uma necessidade eleitoral, como muitos candidatos fazem”, declarou.

Sonho possível e voto no melhor candidato

Nas considerações finais, Luciana se dirigiu à juventude. “Quero falar aos jovens que saíram às ruas em junho de 2013, e a todos e todas que apoiaram aquelas mobilizações históricas, que levantaram o sonho de um Brasil melhor. Esse sonho pode, sim, se realizar. É possível conquistar mais direitos desde que se tenha coragem de enfrentar. Enfrentar os interesses dos bancos, os interesses dos milionários, os interesses daqueles que têm se beneficiado historicamente das políticas econômicas e das políticas tributárias desenvolvidas pelos partidos que já governaram este país. Nós podemos mudar o Brasil, e para isso o voto é um instrumento importante. Não desperdice seu voto, não deixe que as pesquisas votem por você. A eleição tem dois turnos e você tem a obrigação de escolher no primeiro turno o melhor candidato. Jogar o voto fora é votar em alguém que pode ganhar e te decepcionar. O verdadeiro voto útil é o voto no melhor candidato, naquele que tem as melhores propostas, naquele que tem a coragem de enfrentar esses interesses inescrupulosos”, concluiu Luciana.

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