Do site do PSOL nacional, Leonor Costa
A partir desta sexta-feira (11), às 20h, militantes e apoiadores do PSOL poderão apresentar, virtualmente, contribuições sobre diversos temas que poderão ser incorporadas ao programa de governo que o partido apresentará ao país na eleição presidencial de outubro próximo. Isso porque será lançado o site Plataforma 50, uma iniciativa que a Secretaria Nacional de Comunicação do PSOL decidiu implementar para receber contribuições ao programa de governo. O endereço do site é www.plataforma50.com.br.
“Queremos fazer deste um espaço interativo para colher as contribuições de todos aqueles e aquelas que querem mudanças profundas no Brasil. As mobilizações populares que sacudiram o país em junho de 2013 – e que prosseguem desde então em menor grau – mudaram a agenda da política: já não é possível aos velhos partidos continuarem alheios à voz das ruas”, ressalta texto de apresentação do Plataforma 50.
No site, serão apresentados 30 temas, que são: Acesso à Justiça; Ciência, tecnologia e inovação; Cultura; Defesa Nacional; Democracia, participação popular e reforma política; Democratização dos meios de comunicação; Desenvolvimento regional; Desigualdade social; Direitos humanos; Educação; Esporte e lazer; Juventude; Meio ambiente e desenvolvimento; Mulheres; Negros e negras; Orçamento e finanças; Política econômica; Política energética; Política exterior; Política tributária; Reforma urbana e habitação; Saneamento; Saúde; Segurança pública; Seguridade social; Valorização dos servidores públicos; Trabalho, emprego e renda; Transparência e combate à corrupção; e Transporte e mobilidade urbana. Para cada um deles, o internauta poderá escrever sua proposta e, com apenas um clique, enviar virtualmente a sugestão para a equipe de sistematização.
Além de um espaço de interação, o Plataforma 50 também trará vídeos, notícias e agenda da candidata do PSOL à Presidência da República, Luciana Genro, e do vice, Jorge Paz.
O presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, explica na entrevista abaixo os objetivos do partido ao lançar o Plataforma 50. Segundo ele, o partido pretende “construir um programa que seja expressão do desejo de mudança social que o povo brasileiro tem afirmado a cada pesquisa, a cada greve, a cada marcha ou ocupação, mas que os partidos tradicionais, pelos seus vínculos, não possuem capacidade de encarnar”.
Leia a entrevista completa.
PSOL: Qual o objetivo do PSOL ao lançar um site que permite que as pessoas enviem sugestões, ao programa de governo que será apresentado na eleição presidencial de outubro?
Luiz Araújo: Nosso partido possui seu programa, o qual oferece caminhos para a transformação social do país, mas um processo eleitoral é um momento de construir uma plataforma de mudanças que represente não somente o pensamento dos filiados de nosso partido, mas que esteja em sintonia com o desejo de mudanças expresso nas manifestações populares de junho passado.
Queremos construir um programa que seja expressão do desejo de mudança social que o povo brasileiro tem afirmado a cada pesquisa, a cada greve, a cada marcha ou ocupação, mas que os partidos tradicionais, pelos seus vínculos, não possuem capacidade de encarnar.
A ideia é reunir contribuições somente de militantes ou também de pessoas de fora do partido?
Especialmente de pessoas de fora do partido, pessoas que querem que suas vozes sejam ouvidas e não possuem canais democráticos para isso. O pano de fundo será o nosso programa partidário, mas nossa plataforma estará permeada pelas contribuições de quem reivindica mudanças e de quem luta por elas.
Mas nem todos os setores se sentirão representados por nosso programa, por que os poderosos, os que lucram com o atual modelo estarão do outro lado da trincheira desta disputa presidencial.
No site estão disponíveis 30 temas, bastante amplos. A ideia é abordar todos eles no programa de governo do partido?
A princípio queremos apresentar a mais ampla plataforma que tivermos capacidade de construir. Mas repito, não interessa delegar a dois ou três dirigentes ou acadêmicos a formulação de um programa eleitoral. Já tivemos casos de candidatos que disputaram a presidência apresentando programas que não existiam, que apenas a capa havia sido feita em gráfica. Um programa deve ser expressão das aspirações dos segmentos sociais excluídos pelo modelo de desenvolvimento vigente.
Estamos fazendo um ano que o Brasil foi às ruas, em junho do ano passado, pedir mudanças em diversas áreas. Quais as principais propostas que o PSOL pretende apresentar nas eleições deste ano que estão de acordo com o que foi pedido nas ruas?
Podemos resumir os desafios programáticos em alguns eixos, os quais estiveram muito claros nas manifestações de junho. O primeiro é a necessidade de uma profunda mudança política no país, por que as instituições representativas não representam a maioria da população, o financiamento privado torna a eleição um negócio lucrativo para empresas financiadoras e nas grandes questões nacionais o povo brasileiro não é ouvido. Radicalizar a democracia, construindo instrumentos de participação direta, uma reforma política que ponha fim ao financiamento privado de campanha certamente são questões que comporão o nosso programa.
Um segundo desafio é a mudança social, ao contrário dos demais partidos que querem menos direitos sociais e diminuição do tamanho do Estado, o PSOL vai defender a ampliação dos direitos sociais e isso passa por responder a principal queixa da população que é a péssima ou inexistente prestação de serviços públicos. Propostas como a da tarifa zero nos transportes públicos serão debatidas e comporão o nosso programa.
E temos também a urgente necessidade de mudança econômica. Há um esgotamento do modelo concentrados de renda vigente, da esterilização de metade do orçamento nacional no pagamento de juros e amortização da dívida pública. Auditoria da dívida e revisão do tripé econômico estarão no texto final, com certeza.