Diante dos desdobramentos da carta aberta que remeti à direção do partido e aos militantes, quero mais uma vez me manifestar.
A decisão dos companheiros da Unidade Socialista de não reabrir as discussões com Vladimir Safatle e impor outro candidato, sem debate com a base do partido, traz um prejuízo irreversível à nossa campanha em São Paulo e à nossa chapa nacional. Mesmo que a Frente de Esquerda se concretize em SP, somente Safatle teria potencial de aglutinação política para além das fronteiras do PSOL e do PSTU. Ele nos colocaria em um patamar superior na disputa em São Paulo e no Brasil.
A resposta do PSTU, negando a Frente de Esquerda em nível nacional por divergências programáticas, mesmo que o debate de programa ainda esteja em pleno andamento no PSOL, impõe ao nosso partido seguir a batalha eleitoral sem a aliança e aumenta a nossa responsabilidade em buscar o diálogo com os movimentos independentes. Para isso é urgente retomar a linha de campanha que vínhamos implementando desde a reunião da coordenação ampliada no Rio de Janeiro e que foi interrompida pela crise em São Paulo, com a presença da nossa chapa nas lutas e greves, como foi nossa participação no movimento 15M e a visita à ocupação do Itaquerão, com o MTST. Estar presente nas lutas e greves é fundamental para que possamos dialogar com as novas vanguardas que surgem, além de ser nossa obrigação enquanto partido que aposta na mobilização como o principal instrumento de mudança.
Além disso, é urgente uma maior integração política no comando da campanha, para que não sejam tomadas mais medidas que nos enfraqueçam na batalha por representar as demandas e o espírito de junho nesta campanha, como foi a exclusão de Safatle da candidatura em São Paulo e também os recentes movimentos de Randolfe, como a ida à homenagem à Marta Suplicy e a foto com Aécio Neves.
Tendo ficado evidente que a minha saída da chapa majoritária não viabiliza a Frente de Esquerda, pois o PSTU não aceitou, estou considerando continuar nesta tarefa pois neste quadro a minha saída enfraqueceria ainda mais a nossa campanha. O PSOL é muito maior que a US ou qualquer de suas partes, por isso uma derrota atingiria o nosso projeto de fortalecer a esquerda socialista. Além disso, valorizo o fato de que Randolfe fez um grande esforço para viabilizar a candidatura de Safatle em São Paulo, e nos debates programáticos tem assumido as bandeiras de junho de forma clara.
Agora é urgente que os debates programáticos que vem sendo feitos nos seminários promovidos pela Fundação Lauro Campos e pelo PSOL se materializem em um texto por escrito a ser apresentado para a militância antes da nossa Convenção Eleitoral. Já apresentei várias contribuições por escrito ao programa da nossa chapa majoritária, e novamente na reunião do Rio de Janeiro apresentei os eixos programáticos que me parecem essenciais para que tenhamos uma campanha anticapitalista e conectada com as lutas sociais. Necessitamos votar um programa que abrace as demandas de junho, e fazer uma campanha que reflita aquele espírito de combatividade e de construção do novo.
Avante companheiros e companheiras, temos um grande desafio pela frente!
Luciana Genro