Hoje pela manhã dei uma entrevista à rádio Vermelha, uma rádio de esquerda e muito popular em Atenas. O pitoresco desta entrevista é que tive como tradutora do inglês para o grego ninguém menos do que uma filósofa grega! Aliky é uma jovem de 28 anos, PHD em filosofia pela Universidade de Atenas e dirigente da juventude da Syriza. Coisas assim só acontecem na Grécia, berço da filosofia ocidental!
Pela tarde tive uma reunião muito interessante com Haris Golemis e Gabriel Sakelaridis, ambos membros do Comitê Central do Synaspismos, principal partido que compõe a coalizão Syriza. Gabriel é também o responsável pela comitê econômico do Synaspismos e perguntei a ele sobre a questão da manutenção ou não da Grécia na zona do Euro, caso o Syriza ganhe as eleições. Ele disse que a Syriza não vai facilitar a vida do imperialismo, simplesmente retirando a Grécia da zona do Euro. Uma expulsão não é descartada, no caso de um governo encabeçado pela Syriza, pois certamente os ditames do memorandum não serão cumpridos e as retaliações virão. Mas a aposta política é que caso Syriza vença as eleições um “efeito dominó” possa ocorrer na Europa, e desta forma ser possível disputar uma nova geografia política para a União Europeia. Eles não são ingênuos, e sabem bem como isso é difícil, mas a luta estará aberta no caso de uma vitória eleitoral da Syriza.
Em relação a esta possibilidade, uma pesquisa divulgada ontem mostrou a Syriza em franco crescimento, atingindo 23% das intenções de voto. O Nova Democracia estaria ainda levemente na frente com 26%. Os dirigentes da Syriza sabem, entretanto, que a burguesia e o imperialismo farão o possível e o impossível para impedir uma vitória da esquerda radical. De qualquer forma a Grécia não será a mesma depois deste processo. No meu retorno escreverei um texto com mais detalhes sobre tudo o que vi e ouvi por aqui.