| Intolerância Religiosa | Região Metropolitana

Em razão da sua trajetória política e atuação em defesa das religiões de matriz africana no Rio Grande do Sul, a deputada estadual Luciana Genro (PSOL) foi convidada para integrar a mesa de debate “Resistência e Sobrevivência: A Luta das Religiões Afro”, promovido pelo Ilê dos Orixás, na cidade de São Leopoldo. Ao lado de importantes lideranças religiosas da região metropolitana e do vereador Prof. Ricardo Luz (PT), o evento encerrou o ciclo de palestras realizadas pelo espaço, reconhecido como um Ponto de Cultura pelo governo federal, que atuou para a promoção da defesa das tradições, da liberdade de culto e dos direitos dos povos de matriz africana.

“Eu estou aqui hoje porque compreendo meu papel como deputada estadual. Compreendo que devo estar ao lado de todas as comunidades e pessoas que sejam perseguidas, que sejam intencionalmente excluídas e que não possam acessar seus direitos em razão do racismo, da discriminação, do machismo e da LGBTfobia presentes em nossa sociedade”, pontuou Luciana Genro.

“Nas diversas audiências públicas que estamos fazendo em todo o estado, recebo diversos relatos de desrespeito, perseguição, ameaças e violência contra Pais, Mães e Filhos de Santo. Algo lamentável! As religiões de matriz africana fazem parte da história, da identidade e da beleza do nosso povo. Por isso, enquanto houver injustiça, intolerância e violência, nós estaremos juntos, enfrentando esse sistema e construindo um Rio Grande do Sul onde a fé de todos seja efetivamente respeitada”, finalizou a deputada.

Complementando a fala da deputada, a presidenta do Conselho Municipal de Povos Tradicionais de Matriz Africana de São Leopoldo (COMPOTMA), Mãe Sueli, compartilhou o seu relato. “Como dizia minha avó: só se jogam pedras nas árvores que dão frutos. Somos nós que funcionamos como acolhimento para os mais necessitados nas periferias. Somos nós que entregamos as políticas públicas de saúde, por exemplo, ao ajudar quem precisa de um remédio, de uma solução para um problema de saúde. Somos nós que estamos lá”, desabafou.

Durante o evento, que reuniu dezenas de pessoas, também foi distribuída a segunda edição da Cartilha do Povo de Terreiro. O material, desenvolvido pelo mandato da deputada em parceira com Pais e Mães de Santo, foi criado com o objetivo de combater a ignorância e o preconceito que ainda hoje recaem sobre o povo de terreiro em todo o Rio Grande do Sul. Com mais de 150 mil exemplares da primeira edição já distribuídos em todo o território gaúcho, a cartilha tornou-se uma poderosa ferramenta de educação e conscientização.

Outra voz firme na proteção das comunidades tradicionais, o Pai Dejáir d’Ogum, anfitrião do encontro e dirigente do Ilê dos Orixás, celebrou as conquistas já alcançadas e que ainda acontecerão em razão da organização cada vez mais potente do povo de axé. “Este encontro nasce da força dos nossos ancestrais e da urgência do presente. Aqui, tradição, reflexão e resistência se unem para fortalecer caminhos e ampliar consciências. Mais uma vez reafirmamos que a luta pela sobrevivência e pela dignidade das religiões de matriz africana não é simbólica, mas é prática, cotidiana, e exige coragem de todas e todos nós”, finalizou.

Também compuseram a mesa a Mãe Gogo d’Xangô, Presidenta do Fórum de Matriz Africana de Sapucaia do Sul e uma referência de luta e resistência no município e a Mãe Simone d’Iemanjá, dirigente do tradicional Reino de Oxalá, uma das casas mais antigas do Batuque do estado.

Como resultado prático do encontro, ficou acordado que, em 2026, serão realizadas duas audiências públicas, uma na cidade de Sapucaia do Sul e outra em São Leopoldo – território que reúne mais de 400 terreiros -, para debater o preconceito e a perseguição que o povo de axé sofre nessas localidades. Agora, a deputada Luciana Genro irá encaminhar os pedidos à Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Debate “Resistência e Sobrevivência: A Luta das Religiões Afro”, promovido pelo Ilê dos Orixás (São Leopoldo)